A outra CPI por Alexandre Garcia
Um pesquisador potiguar convenceu-me, há mais de 20 anos, que o descobrimento do Brasil aconteceu no Rio Grande do Norte. Pois agora se descobre, na Assembleia Legislativa, em Natal, o que a CPI no Senado preferiu não investigar. Segundo o presidente da CPI da Covid de lá, o deputado Kelps Lima, há “documentos sigilosos, confissões, delação, extrato de banco; é estarrecedor e vai além do Consórcio Nordeste, porque chega à Prefeitura de Araraquara, de Edinho do PT”.
O requerimento do senador Girão, com 45 assinaturas, pretendia investigar o destino do dinheiro federal para estados e municípios, mas prevaleceu o objetivo do requerimento com 31 assinaturas, do Senador Randolfe, que se propunha investigar a falta de oxigênio em Manaus e a atuação do governo federal. A CPI acabou se convertendo em peça eleitoral contra o presidente da República, desrespeitou a relação médico-paciente, perdeu tempo com vacina que não foi comprada e agora se prepara para anunciar o sumário das narrativas que construiu. Compra de respirador em loja de vinho ou de empresa chamada Hempcare (Hemp é maconha em inglês…), superfaturamentos e uso de dinheiro que veio dos pagadores de impostos, nunca foi objetivo da maioria da CPI do Senado.
A CPI potiguar chamou Carlos Gabas, ex-ministro de Dilma, executivo do Consórcio do Nordeste, como investigado, mas ele usou o direito de ficar calado. A CPI do Senado negou-se a chamá-lo. O Consórcio Nordeste, feito para a pandemia, gastou R$ 2,5 milhões em mídia, apurou o senador Girão. E pagou R$ 48 milhões por 300 respiradores que não foram entregues. A vendedora emitiu a nota fiscal nº 002, após oito meses de existência. Vendeu, à revelia, pelo triplo do preço que pagaria, pressionada pelo comprador, segundo a CPI do RN.
Para investigar o que foi omitido, o senador Girão já tem, no Senado 37 assinaturas – suficientes – e outro Girão, deputado pelo RN, ajuda a colher assinaturas na Câmara, para fazer uma CPI Mista, de deputados e senadores, para desvendar o que a atual CPI ocultou. Imagina-se que será mais ampla, certamente não deixando de lado o que a CPI atual fez com seus dogmas e pressões sobre médicos. De novo o RN terá contribuição a dar. Basta mostrar por que, até agora, no presídio de Alcaçuz, entre 1624 internos, 224 tiveram Covid e nenhum precisou ser hospitalizado, com zero mortes. Entre esses, idosos, doentes crônicos, diabéticos. A CPI atual errou a oportunidade, foi com muita sede ao pote; vai ficar obsoleta e ainda dar munição para a outra, na medida que dogmas não sobrevivem na ciência. E vai ficar mais próxima do ano eleitoral.
*Via Ceará Mirim Livre