A três rodadas do fim, Argel Fucks troca CSA, 18º, pelo Ceará, 16º; ameaçadíssimo, Cruzeiro demite Abel e anuncia Adilson Batista
Foto: Reprodução/Premiere
O técnico Argel Fucks pegou muita gente de surpresa e anunciou a sua saída do CSA na madrugada desta sexta-feira. Logo após a vitória azulina contra o Cruzeiro, o treinador confirmou seu acerto com o Ceará para a reta final do Brasileirão.
– A gente sai com o dever cumprido, de portas abertas, agradece o apoio do torcedor, do clube, mas é um projeto diferente, já houve um convite muito forte em outubro e agora o convite é mais forte ainda. E e a gente entendeu, juntamente à minha comissão técnica, que era o momento de irmos para um desafio diferente. Eu gosto desse tipo de desafio, foi isso que a gente fez, e a gente sai daqui deixando o time vivo na competição.
O treinador falou sobre o desafio de aceitar o convite para comandar uma equipe que, assim como o CSA, luta pela permanência na Série A.
– [A gente] Vai também num desafio lá no Ceará que é grande, também brigando por uma permanência na Série A, e a gente sai daqui satisfeito com o nosso trabalho porque quando chegou, há seis meses, o CSA era rebaixado virtualmente e conseguimos dar uma volta na situação.
Argel apontou os responsáveis pela evolução do CSA no Brasileiro enquanto o time foi comandado por ele.
– Os jogadores. Eles assimilaram a nossa forma de jogar, o nosso modo de trabalhar e o resultado está dentro do campo. A gente sai, agradece a todo mundo, aos jogadores, ao clube, à cidade de Maceió, o clube sempre vai estar no meu coração.
E o contrato?
Argel também comentou o modelo de contrato que tinha com o CSA. Ele havia renovado por mais um ano em outubro.
– Futebol é assim, é profissional, dinâmico, tem isso, principalmente quando você tem um contrato onde não tem cláusulas que te prendem, nem de um lado e nem do outro, é um acordo. Isso até quando você entender que esse acordo tem que ser cumprido. A gente sempre deixou a diretoria do CSA à vontade, eles também nos deixaram da mesma forma, então é um até logo, faz parte do futebol. Daqui a pouco a gente se encontra. O mais importante foi o tempo, seis meses para um treinador na Série A do Brasileiro é uma eternidade… Mas vida que segue: o mais importante é deixar o agradecimento a todos.
Abel Braga deixa o Cruzeiro após derrota para o CSA; Adilson Batista é o novo técnico
Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro
Abel Braga deixou o comando do Cruzeiro. O anúncio foi feita na manhã desta sexta-feira pelo gestor de futebol do clube, Zezé Perrella, após o Cruzeiro ser derrotado por 1 a 0 para o CSA, dentro do Mineirão, na noite passada. Adilson Batista é o novo técnico do Cruzeiro.
– Eu estive aqui exatamente há dois meses atrás, ontem completaram dois meses e de forma muito rápida, estou saindo, estou me despedindo, com consciência doendo, porque vim com o intuito único exclusivamente de ajudar esse clube esses jogadores e encontrei, no clube, em todos os seguimentos, é o que eu vou levar daqui. Torcendo mais do que nunca pelo Cruzeiro e amizade, o respeito e o carinho. Foram 14 jogos, conseguimos ficar 10 ou 11 sem perder e não conseguimos sair da zona – afirmou Abel Braga.
Frustração
Contratado para ocupar a vaga de Rogério Ceni, que ficou apenas oito jogos no comando do time, Abel Braga também teve curta passagem pelo Cruzeiro. Esta semana, ele completou dois meses na função. São 14 jogos à frente do time cruzeirense, com três vitórias, oito empates e três derrotas.
“Esse peso e essa frustração é de não ter conseguido. É o que eu coloquei ontem, eu não estou conseguindo, se tu bota uma equipe e o adversário deu um chute e fez um gol, nos finalizamos 23 vezes e não conseguimos fazer gol isso se repetiu contra o Avaí, contra o Fortaleza, tem que se tentar uma coisa de impacto, então eu deixei a direção muito a vontade e com muita clareza, eu sei a situação que eu peguei o clube e esse homem que tá aqui (Zezé Perrella), que fez isso tudo, sabe a situação que pegou, outro dia ele falou para mim assim: “nós somos o que, eu não consegui entender a pergunta, nós somos malucos ou o quê para pegar o clube assim”. Mas está ai trabalhando, como todos estão” – declarou Abel.
– Então, eu levo esse lamento de ter sido pensado dois meses, de não te conseguido, algo que eu era convicto, tem um ambiente de jogadores excepcional. Culpa todos têm, mas eu me sinto mais responsável . Obrigada a todos, foi muito curto, gostaria que fosse mais longo, mas lamentavelmente esse é o mundo do futebol e é assim que tem que ser. Peço a Deus que o novo treinador consiga dar o choque eu não consegui – concluiu o ex-técnico da Raposa.
O gestor de futebol do Cruzeiro afirmou que a rescisão com o técnico, Abel Braga, não tem multa para o Cruzeiro, e que, agora, o momento é de dar um “choque” para tirar o Cruzeiro dessa situação.
– Eu quero primeiro abrir aqui que eu tive a oportunidade um dos melhores caráter que eu conheci no futebol, que é o Abel Braga. Ainda quando presidente do Cruzeiro eu sempre quis trabalhar com Abel e, por um motivo ou outro, as coisas não deram certo. Mas eu estava dizendo a ele, o que mostra o caráter dele, é o primeiro contrato de treinador que não consta multa, porque ele assim quis. Isso em todos os clubes que ele passou. Eu não coloco multa porque a hora que quiserem me tirar, me tirem, e a hora que eu quiser embora eu vou. Isso é raríssimo no futebol. Para mim, é um momento de muita dificuldade, porque a gente tá tratando com ser humano, com sentimento e tudo mais.
O resultado no Mineirão deixou ainda mais dramática a situação da Raposa na briga para escapar da zona do rebaixamento. Restando três rodadas, o time ocupa a 17ª colocação, a primeira no Z-4, com 36 pontos. O Ceará, primeiro clube fora do grupo da degola, tem 37 pontos.
O Cruzeiro, agora, tem três partidas para tentar evitar o inédito rebaixamento no Brasileirão. Os dois próximos jogos são fora de casa, contra Vasco, segunda-feira, e Grêmio, quinta. Na rodada final, dia 8 de dezembro, a Raposa encara o Palmeiras, no Mineirão.
– O Abel nos deixou muito à vontade para que fizemos essa tentativa. Infelizmente, as coisas, às vezes, não dão certo, ou não deram até então por uma série de motivos. Não é pela capacidade ou incapacidade do treinador que até porque ele não tem que provar nada para ninguém. É um dos treinadores mais vitoriosos da história do futebol brasileiro. Mas nesse momento, temos que tentar alguma coisa, um choque qualquer. Ele nos deixou a vontade para isso e por isso tomamos essa decisão, doída – afirmou Zezé Perrella.
Adilson Batista
Adilson é o quarto técnico do Cruzeiro nesta temporada. Antes, além de Abel Braga, Rogério Ceni e Mano Menezes comandaram a equipe em 2019.
Com 51 anos, Adílson Batista começou a carreira em 2001, dirigindo o Mogi Mirim. Entre 2006 e 2007, o técnico teve experiência no exterior no Jubilo Iwata, do Japão. Foi a partir dessa experiência que o treinador chegou ao Cruzeiro no início de 2008 e pelo qual teve o momento de mais sucesso na carreira.
No clube mineiro, Adilson Batista dirigiu do começo de 2008 até a parada do Brasileiro para a Copa do Mundo de 2010. Foi bicampeão mineiro (2008 e 2009) e vice-campeão da Copa Libertadores (2009), perdendo a decisão para o Estudiantes. A passagem ainda ficou marcada por duas goleadas de 5 a 0 sobre o Atlético-MG, uma na decisão do Mineiro de 2008 e outra na final de 2009. Ao todo, foram 169 partidas, com 97 vitórias, 34 empates e 39 derrotas.
Adilson Batista também atuou como zagueiro no Cruzeiro, entre 1989 e 1993. Pela Raposa, foi campeão estadual em duas ocasiões: 1990 e 1992. Além disso, levou o bicampeonato da Supercopa da Libertadores, de 1991 e 1992.
Depois da passagem pelo Cruzeiro, Adilson Batista nunca teve mais tanto sucesso na carreira. Dirigiu Corinthians, Santos, Athletico-PR, São Paulo, Atlético-GO, Figueirense, Vasco, Joinville, América-MG e, por último, o Ceará.
*Globo Esporte