As 20 raças de cachorro mais queridas do Brasil
Foto: (Pâmela Martini/Superinteressante)
O Brasil tem cerca de 52 milhões de cães de estimação, segundo o IBGE. Mas algumas raças despontam no coração dos brasileiros. Compilamos dados de rankings como o censo da plataforma de hospedagem canina Dog Hero e de uma pesquisa do Instituto Qualibest para montar a lista das 20 raças mais queridas do País. Vamos a elas.
PUG: NA COLA DO DONO
Um movimento suspeito ouriçou as orelhas pontudas de Pompeu. Havia cavalos, lanças e armaduras no horizonte. Era o exército espanhol que se avizinhava do acampamento holandês. O príncipe Guilherme de Orange acordou de sobressalto com as lambidas e os latidos de seu pug de estimação. Para sua sorte, houve tempo de escapar do ataque inimigo. O ato heroico de Pompeu, em meados do século 16, valeu um lugar eterno para o pug como mascote da realeza da Holanda. A raça, aliás, tem origem nobre. Era uma das preferidas dos imperadores chineses – lá se vão 2 mil anos. Na China, as pessoas gostam até das dobras da cabeça do pug. O formato das rugas é semelhante a um símbolo chinês que significa boa sorte. Pequenino, o pug é um excelente cão de companhia. Mas saiba que ele é bem carente e nunca desgruda do dono – Guilherme de Orange que o diga.
Além disso, o cão pode ter a respiração barulhenta, devido ao focinho achatado. Isso impede agito e exercícios intensos. Outro cuidado importante: pugs amam comer e têm tendência à obesidade. Olho na balança.
MALTÊS: PELOS TERAPÊUTICOS
Os primeiros registros do maltês têm mais de 6 mil anos. E há uma controvérsia sobre a sua origem. Alguns especialistas creem que a raça – também chamada de bichon – surgiu na Ásia. Mas a teoria mais aceita aponta a ilha de Malta, próxima da Itália, como berço. Daí o nome. O maltês dava lucro aos marinheiros do passado. Acreditava-se que os pelos do cão podiam curar doenças. Então, os antigos usavam os fios para fazer luvas.
SHIH TZU: DEUSES ARTEIROS
Uma lenda diz que os lamas do Tibete criaram os shihtzus como um presente aos imperadores chineses. Outra: eles seriam a reencarnação de deuses arteiros. Isso talvez explique a fama de raça desobediente. Mas os shihtzus sempre foram bons cães de companhia. Os nobres chineses os usavam para esquentar os pés, por exemplo. O nome deles significa “pequeno leão” em chinês.
BULDOGUE: ADORÁVEL BRIGÃO
Estamos na Inglaterra do século 12. Um grupo de homens vibra ao redor de um picadeiro. No centro, um touro furioso dá coices sem parar. O motivo: há um cachorro com os dentes cravados em seu focinho. As patinhas balançam no ar. O cão é corpulento, bravo e atarracado. Hoje, a luta dele é contra o touro.
Amanhã, pode ter de encarar um urso. A origem dos buldogues é, no mínimo, bizarra. Eles eram cães de briga que enfrentavam adversários com dez vezes o seu tamanho. Por isso, os criadores privilegiavam os exemplares mais ferozes, musculosos e resistentes à dor. Foi assim até o começo do século 19, quando os britânicos baniram esse tipo de divertimento. A proibição alterou a forma como a raça era selecionada. Dali em diante, os filhotes mais dóceis ganharam privilégio.
E o resultado pode ser visto hoje em qualquer parque mundo afora. O buldogue inglês preservou a cara de mau, mas se tornou um bichinho muito amável. São ótimos cães de companhia – especialmente se o dono não é chegado ao agito. É que esses mascotes costumam ter pouco fôlego, em razão do focinho curto, que dificulta a respiração. Já o buldogue francês é mais ativo. Gosta de brincar e correr. A história dessa variante da raça tem algumas versões.
Uma delas diz que eles eram excluídos das ninhadas de buldogues por serem menores e menos musculosos. Alguns filhotes foram levados à França por artesãos ingleses. Lá, cruzaram com os terrier boules – exímios caçadores de ratos, egressos da Bélgica. Daí surgiram os bouledogues, como os franceses os chamam ainda hoje. No início do século 20, o cão virou febre em Paris. Era a raça dos artistas e intelectuais. As mulheres os amavam: dóceis, fortinhos e com caminhar malemolente, os buldogues eram comparados aos malandros da boemia parisiense. Os dois buldogues guardam algumas diferenças. O inglês é maior, tem mais dobras na pele e a orelha caída. Já o francês tem as orelhas pontudas como as de um morcego.
PIT BULL: LUTA CONTRA A GENÉTICA
Terriers nasceram para cavar. Hounds surgiram com o intuito de ajudar na caça. Pastores eram peões de fazenda. E pit bulls foram feitos para brigar com outros cachorros. O cerne das polêmicas envolvendo essa família de cães está relacionado à sua função original. Em 1835, o Reino Unido proibiu o bull-baiting – as lutas entre cachorros e touros. Quem apreciava esses eventos logo migrou para as rinhas de cães, que necessitavam de menos espaço. Mas os buldogues eram meio lentos para esse combate. Os criadores, então, passaram a cruzá-los com raças ágeis, como os terriers. A ideia era combinar velocidade e força.
Surgiram exemplares musculosos e rápidos, de cabeça grande e focinho mais curto. Ou seja, ideais para a luta. A primeira raça a aparecer foi o staffordshire bull terrier. Levado aos EUA, o cão deu origem ao american pit bull terrier e ao american staffordshire terrier. Atualmente, a família dos pit bulls abrange diversas raças – incluindo red nose, monster blue e red devil, entre outros. Todas carregam um instinto de agressividade adormecido em seu DNA. Não significa que serão violentas. O segredo está na forma como essa propensão é estimulada. Um filhote de pit bull pode tornar-se um adulto dócil se receber orientação correta. A tarefa de equilibrar a inclinação genética cabe ao dono.
O alerta maior é para a relação com outros cães: mesmo em uma brincadeira, se um pit bull se sentir desafiado, pode tornar-se agressivo. Ainda assim, incidentes envolvendo ataques fatais a pessoas resultaram na elaboração de leis restritivas em diversos locais. Na Dinamarca, é proibido ter um pit bull. Rio de Janeiro e Santa Catarina são exemplos de Estados que impedem a criação e a venda desses cães – além de obrigarem os donos a castrá-los. Grupos de defesa travam uma batalha contra essas resoluções, alegando que, a longo prazo, podem levar à extinção da raça.
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