Ser bombeiro militar é uma profissão que vai além dos dias e das horas de serviço. Para ostentar essa farda é preciso ter muito mais do que apenas sonhos, é preciso coragem para ir aonde ninguém quer ir, para por em risco a vida por pessoas que nunca se viu.
E essa foi a atitude de dois bombeiros militares de Alagoas que em um dia de folga se depararam com uma situação a qual nunca tinham passado antes.
Na tarde do dia 21 de junho, por volta das 15h, a menina Anne Kathilyn, 03 anos, foi atacada por três cachorros, dois da raça Rottweiler e um da raça Pitbull, no Alto do Moura, numa chácara em Caruaru.
Os bombeiros militares de Alagoas, sargento Henrique Von e soldado Thaísa Moretti que estavam em uma festa próxima ao local do ataque não mediram esforços para resgatar a criança.
Segundo o sargento Henrique Von, assim que ele viu a criança sendo atacada, ele pegou uma cadeira para tentar espantar os cachorros: “Não pensei, corri em direção aos cachorros e meu único pensamento era espantá-los.
A forma como eles atacavam a Anne era desesperadora, ela já estava completamente debilitada, com muitos cortes nas pernas, no rosto e no couro cabeludo e já estava sendo atacada quando o pai foi pedir ajuda para nós”, disse.
Enquanto o sargento tentava tirar os cachorros, a soldado Thaísa correu em direção a menina e seu único pensamento foi retirá-la daquela situação: “não enxerguei nada além da Anne, só pensei que tinha que tirá-la dali.
O pai tentava tirar a menina de perto dos cachorros, mas eles não deixavam e voltavam a atacar, então quando eu vi a situação dela o instinto materno se misturou com o instinto de bombeira e eu só descansei quando estava com ela nos meus braços. Então corri para a casa que eu estava, deitei a Anne em uma mesa e comecei a avaliar a situação dela. Quando parei para vê-la realmente, fiquei chocada; ela estava muito ferida, com o couro cabeludo quase todo arrancado, cortes muito profundos na perna, muitos cortes no rosto e oscilando a consciência. Ela chorava muito, gritava e sentia muita dor”, contou.
Assim que a avaliação foi feita, Thaísa falou com um amigo do exército que estava de carro para que levassem a Anne para o hospital mais próximo.
Guiados por um moto taxista, já que eles não conheciam o local, eles chegaram ao hospital e em pouco tempo depois duas Unidades de Suporte Avançado (USA) do Samu chegaram ao local e fizeram os primeiros socorros a menina. Em seguida Anne foi levada para o Hospital da Restauração em Recife de helicóptero, onde foi operada e permanece internada.
A família da Anne é muito carente e está precisando de doações de fraldas tamanho G e XG, lenço umedecido e pomada para assadura. Seu couro cabeludo ainda está todo aberto, e por isso ela ainda não tem previsão de alta do hospital.
As doações podem ser entregues na Assessoria de Comunicação do Corpo de Bombeiros ou no Alojamento feminino do Quartel Geral do Corpo de Bombeiros, ambos localizados no Trapiche da Barra.
Hoje, graças a esses dois bombeiros que não mediram esforços para socorrer essa criança, Anne está salva. “Não consigo sentir nada além de felicidade por ter contribuído para a Anne estar viva, que meu esforço valeu à pena.
Ver o rostinho dela sorrindo não tem preço.
Apesar do quadro dela ainda ser preocupante, temos fé que tudo vai ficar bem e contamos com o apoio e solidariedade de todos que possam fazer doações. Eu e o Henrique estamos sempre entrando em contato com a família, fazendo visitas e levando doações, estão esperamos a contribuição de todos”.
Por Stephany Domingos
