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Não é novidade que concorrentes abusem da criatividade para se destacar nas eleições municipais pelo país. O cenário não é diferente no pleito de 2020, com recorde histórico de candidaturas registradas. Em busca de chamar atenção, há quem aposte na adoção de nomes muito conhecidos do público consumidor de histórias em quadrinho e do universo cinematográfico dos super-heróis.
Levantamento feito pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, aponta que pelo menos 96 candidatos adotaram alcunhas relacionadas aos personagens das editoras Marvel e DC Comics, na tentativa de conseguirem atenção do eleitorado.
Do total de candidatos, apenas um não concorre ao posto de vereador. Trata-se de Batman, ou Rogério Luiz Bueno Antunes, que se lançou candidato à prefeitura de Cerqueira César, em São Paulo, pelo Partido Socialista Brasileiro.
Além de Batman, há um Superman concorrendo ao posto de vice-prefeito de Ponta Grossa (PR). Conhecido pelo apelido entre os moradores do município, Márcio Ferreira (PSL-PR) já foi secretário de Serviços Públicos da cidade. Todos os demais candidatos estão na disputa pelo cargo de vereador.
Campeões de candidaturas
Nenhum herói fez tanto sucesso nas candidaturas quanto Hulk. Verde e dotado de uma força fora do comum, o personagem dos quadrinhos foi associado ao nome de 16 concorrentes.
Na sequência, aparecem empatados, com 11 repetições, Homem-Aranha, Batman e Wolverine. Entre os vilões, o preferido foi o Coringa – pelo menos, 12 candidatos se associaram ao algoz.
A lista incluiu outros velhos conhecidos, como Thor (8 candidatos); Super-homem e Pantera Negra (5); Homem de Ferro e The Flash (4), além do Capitão América (2).
Já entre as candidatas mulheres, o destaque fica para uma heroína da Liga da Justiça sucesso de bilheterias. Quatro se lançaram ao pleito das eleições municipais carregando o apelido de Mulher-Maravilha. Há também uma Mulher-Gato na disputa.
Brincadeira ou estratégia?
O analista político Creomar de Souza afirmou que a associação de nomes curiosos a candidaturas é prática comum às eleições municipais nacionais. “Trata-se de uma tentativa para chamar a atenção e conseguir apoio e visibilidade”, explica.
Souza relembra que as disputas municipais apresentam grande quantidade de candidatos para baixo efetivo de vagas, surgindo, assim, a necessidade de se destacar da multidão. “Para ficarem evidência, se utilizam dos mais variados tipos de estratégia”, reforça.
“Muito normal dentro do curso das eleições históricas. Não há nada de muito diferente do que temos visto ao longo de outras disputas. Se nesta edição em especial o sucesso fica por conta de heróis, em eleições anteriores tivemos nomes de candidatos associados a celebridades e até celebridade concorrendo”, afirma o analista político.
Souza afirma que, muitas vezes, a associação a apelidos é proposta pelos próprios partidos políticos. “É uma ideias para alavancar as legendas. As siglas precisam do maior número de candidatos possíveis para que consigam emplacar um número igualmente considerável. Então, abre espaço para que esses novos candidatos usem o que tem para chamar atenção do eleitorado”.
O especialista, contudo, lembra que a história não é muito amiga dos “engraçadinhos” em campanha. “A maioria dos candidatos com esses nomes peculiares acabam tendo um desempenho bem pouco satisfatório. Mas é a alternativa que eles encontram. Estamos falando de candidatos com espaços diminutos, pouco recurso relacional e financeiro”.
*Metrópoles