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O presidente da República, Jair Bolsonaro, reconheceu que os
governadores devem dificultar a tramitação de projeto para mudar as
regras do ICMS, mas que está disposto a enviá-lo ao Congresso mesmo
assim. Ele afirmou que a proposta está pronta com o ministro de Minas e
Energia, Bento Albuquerque, e que ele ainda mantém reuniões com o setor
para ajustes.
“Eu falei para ele Bento que sabemos que vai ter uma pressão enorme
dos governadores e que os parlamentares os ouvem. Se o projeto vai para
frente ou não, eu faço o que posso. Não posso viver só de vitórias e
achar que o que estou fazendo está certo. Vai ter pressão lá no
Parlamento. E o Parlamento existe para dizer sim ou não”, disse
Bolsonaro nesta quinta-feira (6) ao deixar o Palácio da Alvorada.
Bolsonaro voltou a defender a alteração da cobrança do ICMS que
incide sobre a gasolina e o diesel. Ele citou que hoje houve nova
redução do preço do combustível na refinaria, mas que não acredita que
terá impacto para os consumidores na bomba.
‘Papel de trouxa’
“Gasolina baixou na refinaria hoje e quanto acham que vai baixar na
bomba? Zero. Estou fazendo papel de trouxa aqui”, reclamou o presidente
da República. “Não pode diminuir mais o preço na refinaria, porque não
chega para o consumidor. E se não chega estamos dando varada na água”,
reforçou. Em outro momento, ele afirmou que não interfere diretamente na
Petrobras.
Ele afirmou que os parlamentares não devem se preocupar apenas com o
desgaste junto aos governadores e seus respectivos Estados pois “é
momento de todo mundo buscar solução”. “O que eu quero não é diminuir o
valor do ICMS, é que incida no preço da refinaria”, defendeu. “Eu sei
que os Estados estão em seriíssima dificuldade, agora mais dificuldade
que o Estado é o povo que não aguenta mais pagar R$ 5,50 o litro da
gasolina e o caminhoneiro pagar R$ 4,00 o litro do óleo diesel.”
Botijão de gás
Bolsonaro também reclamou do valor do preço do botijão de gás e disse
que é preciso acabar com o monopólio do setor. Segundo Bolsonaro, o
ministro Paulo Guedes tem sido cobrado após fazer promessa sobre o tema.
“É igual à história do gás. O gás… também se for ver a composição do
que… o valor do bujão de gás vai para cada consumidor é um absurdo”,
disse o presidente. “Adianta a gente explorar gás natural se chega aqui e
tem monopólio? Temos que acabar com esse monopólio, ‘pô’, pressão tem
de qualquer maneira. Cada vez que eu peito um problema desses eu acho um
montão de inimigos.”
Desafio
Durante a entrevista, Bolsonaro retirou o “desafio” lançado aos
governadores sobre ICMS por alguns minutos, mas, minutos depois,
relançou. “Não desafiei governadores ontem como foi publicado pela
imprensa”, disse Bolsonaro inicialmente.
Segundo ele, o “desafio” só foi lançado porque ele acreditou na
pergunta de jornalistas sobre o fato de governadores terem cobrado o
governo federal pela redução de impostos. Em seguida, diante da
informação de que um grupo de 23 governadores assinou uma carta com a
demanda, ele afirmou que o desafio estava mantido.
“Vocês imprensa falaram que os governadores queriam que eu baixasse
os impostos federais, acreditando na informação de vocês eu falei que
‘topo baixar os impostos federais se os governadores baixarem o ICMS’”,
disse. “Se eles falaram que queriam baixar impostos federais então pode
ser desafio, pode ser”, corrigiu.
*Estadão