Faleceu nesta quinta-feira, às 19h10min, aos 108 aos de idade, a centenária Maria da Soledade Barros, vitima de falência múltipla dos órgãos, no hospital municipal de Lagoa Nova/RN. De acordo com informações dos familiares, Maria da Soledade, acerca de quinze dias, havia sofrido um AVC (acidente vascular cerebral), foi internada e depois de três dias voltou para casa, no entanto, mesmo já tendo perdido o movimento de um lado do corpo, ainda permanecia lúcida. Com passar dos dias, a centenária, apresentava dificuldade com a fala, deficiência alimentar e constantes diarréias.
Maria da Soledade, mais conhecida por “Mãe Dadinha”, cuja lucidez, até pouco tempo, impressionava familiares e vizinhos, no sítio Figueira, localizado no município de Lagoa Nova/RN, onde morara desde 1969. Nasceu em Barão de Serra Branca, área rural do município de Santana do Matos, em 30 de dezembro, no distante ano de 1907. Conforme relatou a este repórter, em entrevista, publicada para o jornal, em maio de 2014: “Nasci em Barão de Serra Branca. Quando eu era menina, tinha muito medo de cangaceiros, às vezes, me escondia no primeiro andar do sobrando onde morava”.
A lavradora Soledade, conforme depoimento, na infância e juventude foi contemporânea do cangaço e, foi adotada por família de posses. “Fui criada por padrinho rico, de nome Pereira de Medeiros, juiz municipal em Santana”, recordou. Deste tempo de bonança, falava com sorriso largo. “Dancei muito nos bailes da intendência de Santana”. No entanto, o peso da idade, trazia consigo uma frustração: “Só tenho pena de está dessa idade e minhas pernas não dá para dança”.
Ainda Segundo ela, para “Desfastear” do sertão, a cada seis meses, ia passear em Natal/RN, na casa do Coronel Francisco Cascudo.
Com 21 anos, após o falecimento do pai adotivo, retornou à casa dos pais biológicos, que moravam em propriedades rurais, pertencentes a Belisária Lins Wanderley (Baronesa da Serra Branca), situada entre o “Pelado e Lagoinha), que aquela época já estava sob o domínio da família “Assunção”. Soledade, por sua vez, casou-se em 1928, com Manoel Joaquim de barros, esta união matrimonial, sobreveio numerosa descendência, contando: 10 filhos, 41 netos, 89 bisnetos e 26 tataranetos.
Enviuvou em 2003 e, contava que no início do casamento,atravessou a dureza das estações secas, padeceu privações de subsistência: “Depois que casei, passei muita fome, para escapar com minha família, comemos muitos sodoros, xique-xique e fava brava”, lamentava. Sobre as labutas no campo destacava: “Trabalhei apanhando algodão nas vargens de Tota Assunção e também em casa de farinha de seu Manoel Davi e Dona Leotéria”, pontuou.
Em maio de 2014, a camponesa soledade, que era considerado por muitos; a mulher mais idosa da micro região da Serra de Santana/RN, externou a saudade que sentia das valsas de seu tempo e recordou o prazer que sentia, em plantar batata doce, em épocas de envernizadas. Como mulher religiosa, possuía o hobby de cantar os “Benditos da igreja” e, por esse motivo, encerrou a conversa cantando.
* Fonte: Jornal da Serra