NÃO RECOMENDÁVEL A GESTANTES.
MODO DE USO: 03 VEZES AO DIA – APÓS AS PRINCIPAIS REFEIÇÕES – PRODUTO JÁ VEM COM DOSADOR.
* CAFÉ DA MANHA * ALMOÇO * JANTAR
Local onde os bandidos agiram em Santana do Matos |
“Minha filha começou a se drogar quando tinha 12
anos. No início era só maconha e não tinha tanto problema, mas, de uns
tempos para cá, percebi que ela começou a usar outras drogas e ficou
mais agitada e agressiva. Não era assim no início, mas ela passou a me
xingar, brigar e quebrar as coisas. Eu não sabia mais o que fazer. O
jeito foi acorrentar”, conta a dona de casa que prefere não expor a
identidade.
A mãe perdeu as contas da quantidade de vezes que a
filha fugiu de casa para se drogar. A família mora num dos bairros de
maior vulnerabilidade social da zona Oeste da capital. Encontrar quem
ofereça uma pedra de crack não é difícil. Trancar portas e janelas para
evitar a fuga já não adiantava.
“Ela destelhava o teto e saía por
cima. Pulava para casa vizinha e ia embora. Só voltava se a gente fosse
atrás”, lembra a dona de casa e mãe de mais dois filhos – um jovem de
15 anos e uma menina de 12. “Quando tentava conversar, ela me
esculhambava. Fazia coisa que eu nunca imaginava que seria possível”,
completa.
Não há
marcas ou feridas no calcanhar onde a grossa corrente está pendurada.
Dois cadeados seguram a prisioneira à cadeira. Ela se movimenta pouco.
Caminhar arrastando o assento é difícil. Levanta para verificar a panela
que está no fogão e volta a se sentar. Onde vai, carrega o peso. Os
momentos de liberdade são restritos a ida ao banheiro. À noite, a
corrente e cadeados acompanham a menina no leito onde dorme.
As
respostas são curtas e vazias. Às vezes, sem nexo. “Não sei o porquê
estou aqui. Queria que alguém respondesse”, diz quando questionada sobre
sua situação. “Se eu saísse, ia na casa de uma amiga pegar uma calça
que está lá”, é a resposta sobre o que gostaria de fazer. “Levar
injeção, é? Queria sim”, dispara ao comentar a possibilidade de se
submeter a tratamento médico. Outras perguntas foram feitas, mas o
silêncio e um olhar vazio encerraram a conversa.
Uma equipe do Programa Saúde da Família (PSF),
durante visita ao avô da garota, foi quem questionou a mãe sobre a
condição da filha. Os profissionais contam que procuraram vagas na rede
de assistência municipal, mas não encontraram. O Conselho Tutelar da
área não foi avisado. “Não procurei ninguém. Não sei a quem recorrer,
mas quero que ajudem minha filha”, explicou a mãe.
O juiz da 1ª
Vara da Infância e Juventude de Natal, José Dantas, explica que, em
casos como o de Vanessa e outros que envolvem direitos de crianças e
adolescentes, a primeira providência é procurar o Conselho Tutelar. “É o
órgão de porta de entrada. Os conselheiros vão orientar como proceder”,
diz. O magistrado explica ainda que, mesmo com motivos justificáveis, a
mãe comete crimes ao acorrentar a garota. “Pelo menos os maus tratos
já estão caracterizados. Mas, na minha visão, essa mãe precisa mais de
apoio que punição”.
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