Ilustrativo |
Ainda
segundo João Maria, é preciso implementar um trabalho de
conscientização junto às famílias e fortalecer o projeto pedagógico da
escola. “Não esquecendo a formação continuada dos educadores”, colocou o
representante da Seec.
Na tentativa de implantar a “cultura de
paz” dentro da escola, o Conselho Tutelar Oeste tomou a dianteira. O
conselheiro tutelar Marcílio Bezerra, desde a última segunda-feira,
visita a unidade para conversar com professores, pais e alunos. Além de
conselheiro tutelar na região onde a Belém Câmara está localizada,
Marcílio é policial militar e atua no Programa Educacional de
Resistência às Drogas (Proerd). Há outro elemento que impulsiona o
trabalho do conselheiro: ele é ex-aluno da escola. “Essa escola teve
papel importante na minha formação. É muito triste voltar aqui para
tratar de um assunto como esse”, disse.
Avaliação psicológica
O
Conselho Tutelar Oeste providenciou uma vaga em outra escola para a
adolescente. Também articulou junto ao Centro de Referência de
Assistência Social (Cras) de Felipe Camarão o atendimento psicológico. A
primeira consulta foi realizada ontem. O acompanhamento do
profissional, aliás, será fundamental para decidir os próximos passos da
aluna. “A transferência dela depende da avaliação psicológica. Não
sabemos se ela tem condições de voltar para dentro da sala de aula”,
ponderou Bezerra.
Segundo o conselheiro tutelar, o histórico
familiar da garota é conturbado. A informação foi confirmada por uma tia
da adolescente. “O pai dela morreu, de cirrose, quando ela ainda era
nova. A mãe se teve relacionamento com outros homens envolvidos com
drogas. O clima na casa não era bom. Ela sempre foi calada e, com seis
anos, fugia de casa”, contou ao lado da adolescente. A garota conversou
com a TN [veja entrevista]. Ela demonstrou arrependimento. As mãos
sempre juntas e o rosto curvado, na maior parte do tempo, demonstraram
arrependimento e nervosismo.
A colaboradora e psicóloga do
Observatório da População Infantojuvenil em Contexto de Violência
(Obijuv), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Daniela
Rodrigues, afirmou que o caso da adolescente não pode ser tratado
isoladamente. Para ela, a violência no ambiente escolar é causada por
inúmeros fatores que precisam ser analisados. “Precisamos verificar,
primeiramente, como é a construção dos nosso diálogos. A violência é
construída diuturnamente. Não podemos tratar um caso isolado”, comentou.
A psicóloga ainda comentou a transferência da adolescente da
atual escola. Para ela, é fundamental que o direito ao ensino seja
assegurado e é possível trabalhar a comunidade escolar, e a própria
aluna, para o retorno ao ambiente escolar original. “O fato de
transferir a aluna é um ato de proteção para adolescente ou sociedade?”,
questionou. “Para o senso comum, a escola deve ter o comportamento
punitivo. Essa mentalidade precisa ser repensada”, disse a psicóloga.
memória
Com
um revólver calibre 38 em mãos, a estudante de 15 anos da Escola
Estadual Belém Câmara, no bairro Cidade da Esperança, Zona Oeste de
Natal, ameaçou a professora de matemática Norma Suely, de 51 anos. Após
ser impedida de atirar na professora por um guarda patrimonial, ela
disparou acidentalmente contra o próprio pé. A professora não teve
ferimentos e a adolescente foi levada ao pronto-socorro Clóvis Sarinho,
onde recebeu atendimento. O incidente ocorreu às 13h30 da última
sexta-feira.
Na delegacia, a garota disse que não tinha intenção
de matar a professora, mas sim dar um susto, e declarou-se arrependida.
De acordo com o delegado Pedro Paulo Galvão, que estava na Delegacia de
Plantão zona Sul, a adolescente será autuada por ameaça e porte ilegal
de arma. Após ser ouvida, ela foi encaminhada para fazer exame do corpo
de delito no Instituto Técnico Científico de Polícia (Itep).
O fato será investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento ao Adolescente (DEA).