Colunista diz que corretora que representa o PIB de SP vai parar de divulgar sequência de pesquisas que apontam vitória de Lula
De Mônica Bérgamo, na Folha:
Corretora que bem representa o PIB em São Paulo, a XP deu uma debreada na questão da divulgação de pesquisas.
Debrear não é um termo usado no meio que representa a XP, mas a desacelerada na divulgação de números foi definida depois de resultados indigestos para o mercado elitista-bolsonarista.
Ontem a jornalista Mônica Bérgamo, da Folha, mostrou que, “sob pressão, XP cancela divulgação de pesquisa que dá vantagem de Lula sobre Bolsonaro”.
Detalhe: a sondagem da XP, feita pelo instituto Ipespe, mostrou a honestidade como um dos atributos de Lula.
A Faria Lima (avenida que abriga o maior centro financeiro do país), tremeu nas bases, e a XP, que divulgava pesquisas eleitorais toda semana, vai limitar a revelar números mensais…
Faltando só 4 meses para as eleições, em vez de 24, serão divulgadas só 4 pesquisas? É isso?
Na sondagem divulgada na semana passada, Lula aparecia com 45%, contra 34% do atual presidente da República.
Mas a XP quer continuar divulgando pesquisas, mas para se expor junto ao PIB bolsonarista, passou o contrato do Ipespe para o Infomoney, empresa do mesmo grupo.
Só terceirizou….
Leia o que escreveu Mônica Bérgamo:
A pesquisa, que seria divulgada na próxima sexta (10), chegou a ser registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no sábado (4), sob o número BR-06295/2022. Nesta quarta (8), o registro foi retirado do site por determinação da própria corretora.
A coluna apurou que a pressão sobre a XP já vinha crescendo paulatinamente e explodiu na semana passada, quando o instituto mostrou que 35% dos eleitores consideram que a honestidade é um atributo de Lula, contra 30% que dizem o mesmo sobre Bolsonaro.
Bolsonaristas passaram a atacar a corretora nas redes sociais —um dos mais notórios deles foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que ironizou os resultados em seu perfil no Telegram. “O mesmo instituto deu Lula com 45% e Bolsonaro com 34% kkkkk”, escreveu Flávio.
O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) comentou que “é o mesmo que dizer que o diabo é mais honesto que Jesus. Delírio total! Kkkkkkkk…”.
Ministros de Bolsonaro também já telefonaram para a XP para reclamar dos resultados —que coincidem com os de outros institutos, dentro da margem de erro.
Na esteira dos ataques, clientes, em especial os ligados ao agronegócio, passaram a fechar contas e a retirar investimentos da corretora, segundo apurou a coluna.
Diretores e acionistas minoritários passaram a fazer questionamentos internos sobre o movimento.
A XP tomou então a decisão de transferir o contrato do Ipespe para uma outra empresa do grupo, menos visada, a Infomoney, que registrou no TSE a pesquisa que seria divulgada nesta semana.
Com a intensidade dos ataques, a XP acabou tomando a decisão radical de simplesmente cancelar a divulgação de seus resultados.
Com isso, a série histórica do Ipespe, que vinha realizando a pesquisa ininterruptamente desde janeiro de 2020, pode ficar comprometida.
Para contornar as pressões, a XP anunciou que a periodicidade da divulgação, que tinha passado de quinzenal para semanal em maio, será a partir de agora mensal.
Com isso, a empresa espera diminuir os ataques feitos a ela e o movimento de retirada de recursos de seu portfólio.
Procurada, a XP afirmou que contrata outros institutos de pesquisa e que seguirá divulgando dados.
Leia a íntegra da resposta da XP:
“A XP nega que a pesquisa será cancelada e ratifica que contrata diversos tipos de pesquisas de diferentes institutos com o intuito de auxiliar seus clientes a tomarem as melhores de decisões sobre investimentos.
A realização das pesquisas terá periodicidade mensal, com número de entrevistas ampliado em relação às realizadas nos levantamentos anteriores, oferecendo dessa maneira uma ferramenta ainda mais ampla para que os investidores compreendam o cenário eleitoral e seus impactos no mercado. As próximas pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral já estarão adequadas ao novo formato.”
*Via Taiza Galvão