Diretor da OMS classifica de ‘assassinato’ casos de corrupção envolvendo EPIs contra Covid-19
Foto: Denis Balibouse / Reuters
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) qualificou de “assassinato” os casos de corrupção em torno dos equipamentos de proteção (EPI) ocorridos na África do Sul, em meio à pandemia de Covid-19.
“Qualquer nível de corrupção é inaceitável. A corrupção relacionada aos EPIs é, para mim, um assassinato”, declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao ser questionado por um jornalista sobre o episódio.
“Se os trabalhadores da saúde trabalharem sem EPIs, suas vidas correm perigo. E isso também põe em risco a vida das pessoas a quem servem. Portanto, é crime e é assassinato. Isso tem que acabar”, acrescentou.
A África do Sul tem um dos melhores sistemas de saúde do continente africano, mas recentemente se multiplicaram as denúncias de corrupção na distribuição de equipamentos de proteção para profissionais de saúde, afetando a imagem do presidente Cyril Ramaphosa.
No último mês, as críticas ganharam proporção maior depois que a imprensa revelou irregularidades na concessão de um contrato ao marido da porta-voz do presidente, Khusela Diko, que teve de se afastar do cargo durante o período da investigação. Desde então, outros dirigentes do Congresso Nacional Africano (ANC), como o secretário-geral do partido no poder, Ace Magashule, também foram afetados por escândalos desse tipo. No entanto, todos alegam inocência.
Diante da pressão crescente, o presidente Ramaphosa declarou que “perseguiria as hienas que se aproximassem das presas feridas”.
No início de agosto, o guardião da ética pública na África do Sul indicou que iria investigar várias denúncias sobre problemas na gestão do Estado durante a pandemia, principalmente em relação à assinatura de contratos de equipamentos ou de espaços relacionados à quarentena.
Segundo a OMS, na região, quase 600 mil pessoas foram diagnosticadas com o novo coronavírus, sendo o quinto país do mundo com o maior número de casos.
No Brasil, investigações de compras superfaturadas e outras fraudes
No Rio, o ex-secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, foi exonerado e chegou a ser preso, acusado de ser um dos chefes da quadrilha que atuava dentro da Secretaria de Estado de Saúde. De acordo com a investigação do Ministério Público, ele acompanhou o processo de contratação de mil respiradores. Os aparelhos — considerados essenciais no tratamento de pessoas com a Covid-19 — nunca chegaram aos hospitais públicos.
Além disso, o Tribunal de Contas do Município (TCM) analisa uma compra, feita pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), de mais de sete milhões de equipamentos de proteção individual (EPIs) para o enfrentamento da Covid-19. Em Niterói, o Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) investiga a compra de álcool gel com sobrepreço de R$ 127 mil pela Secretaria Municipal de Assistência Social.
Em Recife, o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu um processo para investigar a compra de 500 respiradores por R$ 11,55 milhões pela prefeitura com recursos repassados pela União.
No Pará, a Operação Para Bellum da Polícia Federal investiga fraude na compra de respiradores pelo governo. O principal alvo é o secretário de Saúde do estado, Alberto Beltrame.
Em Roraima, a Polícia Federal também investiga fraudes de licitações de produtos e serviços comprados pelo governo para o combate à Covid-19, como respiradores, testes rápidos e material informativo impresso. O ex-secretário de Saúde do estado Francisco Monteiro Neto e o deputado estadual Jefferson Alves (PTB) são suspeitos de atuarem em contratações irregulares que envolvem R$ 50 milhões.
*O Globo