Doença durante testes não estaria relacionada à vacina, afirma Universidade de Oxford

Foto: Dado Ruvic / Reuters

A Universidade de Oxford (Reino Unido) afirmou, em carta enviada a participantes de um estudo sobre a Fase 3 de sua vacina experimental contra o coronavírus, que os sintomas sentidos por alguns voluntários, e que culminaram na suspensão dos testes na semana passada, não estariam relacionados à vacina em si.

O estudo conduzido pela universidade e por sua parceira AstraZeneca passou por revisões de segurança após alguns participantes desenvolverem sintomas neurológicos inexplicáveis, como fraqueza nos membros ou “mudança de sensação”, segundo a carta direcionada aos voluntários.

“Depois de uma revisão independente, essas doenças foram consideradas improváveis de estar associadas à vacina ou não surgiram evidências suficientes para dizer com certeza que estavam ou não relacionadas”, diz a carta. “Em ambos os casos, após avaliação das informações, os revisores independentes recomendaram a retomada dos estudos da vacina”.

Há, atualmente, muitos questionamentos relacionados a doença de uma voluntária que participa do estudo no Reino Unido. Sem garantias sobre a segurança do procedimento, os testes foram temporariamente suspensos em alguns locais, como os EUA, que só retomarão as pesquisas após aval da agência regulatória federal.

A interrupção destaca as incertezas que os pesquisadores enfrentam no processo de desenvolvimento de uma vacina. Embora as interrupções temporárias de tais ensaios não sejam incomuns, a interrupção do estudo de Oxford levantou preocupações sobre quando as primeiras vacinas contra a Covid-19 podem estar prontas.

Os testes foram retomados no Reino Unido no fim de semana, e na segunda-feira no Brasil. Aqui, o número de voluntários que serão imunizados dobrou, de 5 mil para 10 mil, assim como a quantidade de municípios participantes. Somam-se a Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador os municípios de Natal (RN), Santa Maria (RS) e Porto Alegre (RS).

Hospitais e clínicas poderão recrutar quantos participantes quiser, até que o limite do país, 10 mil, seja atingido. A Universidade de Oxford acredita que, com o aumento do número de voluntários, aumentarão as chances de provocar a eficiência da vacina, levando-a mais rápido à população.

Em junho, o Ministério da Saúde anunciou um acordo com Oxford para a produção inicial de 30,4 milhões de doses. O primeiro lote foi anunciado para dezembro e o segundo em janeiro pela Bio-Manguinhos, laboratório da Fiocruz.

*O Globo

Postado em 16 de setembro de 2020