Eleições municipais não devem ser realizadas este ano para evitar exposição da população à Covid-19, defende presidente da CNM
Em
entrevista exclusiva ao Brasil 61, o presidente da Confederação Nacional de
Municípios (CNM), Glademir Aroudi, afirmou que as eleições municipais previstas
para ocorrerem este ano não é uma boa ideia. De acordo com ele, o Brasil ainda
não estará totalmente livre dos efeitos causados pelo novo coronavírus,
sobretudo em relação à saúde da população. Com a exposição de milhares de
brasileiros que podem ir às urnas, mesmo que no mês de dezembro, pode haver o
desencadeamento de uma nova onda de elevação de casos da Covid-19 no País.
“146 milhões de brasileiros deverão ir às urnas este ano. Nós temos mais de
cinco milhões de pessoas que vão trabalhar no dia da eleição. O TRE liberou as
convenções por videoconferência, só que mais de mil municípios no Brasil não
possuem sinal de internet e em outros tantos o sinal é ruim. Então, quem propõe
convenções ou eleições virtuais no Brasil, me perdoe, mas está desconectado com
a vida real”, avalia Aroldi.
Em discussão no Congresso
Nacional, o Novo Marco do Saneamento também foi comentado pelo presidente da
CNM, que defende urgência na aprovação do PL 4162/2019. Para Glademir Aroldi, a
universalização dos serviços de distribuição de água e coleta de esgoto, por
exemplo, não será atingida se continuarem sendo oferecidos, em sua grande
maioria, pelo poder público.
“A situação não pode permanecer como está. O Brasil está atrasado nesse sentido
e precisa de investimento nessa área. O entendimento é de que recursos públicos
não são suficientes, esperamos que a participação da iniciativa privada possa
melhorar as condições no Brasil. A ONU tem dito que, para cada real investido
em saneamento, economiza-se até R$ 5 em saúde”, aponta.
Além do problema financeiro, Glademir também falou sobre outros impactos da
pandemia causados aos municípios. A principal preocupação da CNM, segundo o
presidente da instituição, é com os municípios pequenos, que não têm boa
cobertura de saúde e a população é mais vulnerável aos efeitos dos sintomas
mais graves da Covid-19.
“A necessidade de criar as condições mínimas para atender a saúde das pessoas,
a preocupação com leitos, principalmente nos pequenos municípios, que não têm
um hospital, ou se tem um hospital é de pequeno porte e não possui leito de
UTI. Então, há uma preocupação constante de quando houver a necessidade de
transferir um paciente para uma referência que tenha ao menos condições mínimas
de receber o paciente transferido”, afirma.
Sobre o auxílio financeiro da União aos estados, Distrito Federal e municípios,
o qual a primeira parcela de R$ 15,036 bilhões foi repassada nesta semana,
Glademir Aroldi afirma que o dinheiro pode ajudar, mas ainda não é suficiente
para recuperar as perdas que estados e municípios sofreram com a pandemia. Ele
criticou o fato de o Governo Federal reduzir o valor que seria repassado
inicialmente, antes de o projeto ser analisado pelo Senado Federal.
“Primeiro, o valor é importante e nós agradecemos ao governo e ao Congresso
Nacional, mas ele não será suficiente. R$ 74 bi será a queda e nós estamos
recompondo R$ 23 bi, apenas 30% desse valor. Em segundo lugar, o projeto 149
estava propondo a recomposição do ICMS e do ISS até o final do ano. Aprovou na
Câmara, mas quando chegou no Senado mudou a proposta. O governo interferiu
dizendo que não teria esse valor para estados e municípios e que precisaria
mudar a proposta”, critica.
Segundo o Tesouro Nacional, sobre esse repasse, a ideia é que sejam destinados
R$ 9,25 bilhões para os estados, R$ 5,748 bilhões para os municípios e R$ 38,6
milhões para o Distrito Federal.
Os valores serão creditados nas contas do Fundo de Participação dos Estados e
do Fundo de Participação dos Municípios. Ao todo, foram aprovados pelo
Congresso Nacional R$ 60 bilhões. A quantia será dividida em quatro parcelas
mensais. As próximas parcelas desse auxílio serão creditadas em 13 de julho, 12
de agosto e 11 de setembro de 2020.
*Via Tribuna de Notícias