Em tratamento contra o câncer, jovem de 18 anos pede peruca em carta ao Papai Noel em Natal
Kethyllen Beatriz, de18 anos, está em tratamento contra um câncer ósseo no tórax — Foto: Cedida
Em tratamento contra um câncer ósseo no tórax desde fevereiro deste ano, a estudante Kethyllen Beatriz Costa da Silva Pedro, de 18 anos, não pensou em outro pedido ao ter uma oportunidade de escrever uma carta ao Papai Noel: uma peruca do tipo “lace”.
A mensagem dela faz parte do projeto da Cartinha ao Papai Noel dos Correios e foi escrita pela paciente por ser atendida pela Casa Durval Paiva de apoio à criança com câncer, em Natal, uma das instituições atendidas. As cartas do projeto são adotadas por várias pessoas.
“Com o tratamento, perdi meu cabelo e queria ter muito um que possa usar”, diz a jovem no texto.
“Eu estava internada para a quimioterapia e me falaram dessa oportunidade de fazer a cartinha. Eu já tive uma peruca, mas ela já está bem desgastada. Então, estou usando lenços. Também pedi maquiagem, mas a ‘lace’ é meu pedido principal”, contou a jovem ao g1.
Kethyllen manteve a vaidade mesmo em meio às dificuldades do tratamento. E a nova peruca ajuda ainda mais nesse sentido, mas a família não está em condições de comprar um produto do tipo.
“Ela faz me sentir melhor, faz eu me esquecer o que estou passando. Faz eu me sentir mais ‘normal'”, diz a garota.
Carta escrita por Kethyllen Beatriz, de 18 anos. Ela pede peruca ao Papai Noel, por estar em tratamento contra o câncer. — Foto: Reprodução
O câncer foi descoberto em um momento de muitos desafios na vida de uma jovem. Bia, como é chamada pela mãe, está no terceiro ano do Ensino Médio, e fez as recentes provas do Enem, mesmo tendo estudado todo o ano de forma online e menos de um mês após a cirurgia para retirada do tumor. Ela sonha em trabalhar com design de moda.
“Ela é muito mais forte do que eu imaginava. Muito mais forte do que eu”, conta a mãe, Rita Costa da Silva, de 37 anos, que trabalha como operadora de caixa em uma pizzaria e tem pegado muitas horas extras nas madrugadas para pagar os custos que surgem com o tratamento.
Rita conta que, mesmo sem a peruca, a filha faz questão de se produzir e sempre inventa uma forma diferente amarrar o lenço. “Não acho o lenço desconfortável, mas às vezes gosto de me produzir melhor”, diz a menina.
O câncer foi descoberto em fevereiro de 2021, mas os efeitos já eram sentidos desde 2020. A jovem vinha tendo várias crises de falta de ar, que os médicos atribuíram inicialmente à asma, que ela tem. Porém, na terceira ida dela a uma UPA por falta de ar, a mãe pediu que os médicos fizessem exames mais detalhados.
Os exames constataram que a jovem tinha uma mancha na altura do pulmão, além do acúmulo de água. Uma cirurgia foi feita inicialmente para fazer uma drenagem, retirando o líquido e a biópsia confirmou a presença do câncer.
Ela passou por uma nova cirurgia há cerca de um mês para a retirada do tumor, e segue com as sessões de quimioterapia.
“É um processo longo. Tem dias que são frustrantes. No começo era mais difícil. Ver pessoas que passaram por isso é diferente de estar na situação. Eu fiquei muito triste porque eu tinha muitas expectativa para mim, coisas que eu queria fazer, porque sou muito jovem ainda. Mudou tudo na minha vida e eu aprendi muitas coisas também. Aprendi a ser paciente e me descobri mais, a autoestima a gente perde um pouco, mas fui inventando coisas novas para me sentir melhor comigo mesma e com minha vida”, conta Kethyllen.
De acordo com os Correios, em 2021, a campanha está funcionando de forma híbrida, sendo possível adotar cartas através do blog do projeto ou presencialmente nas agências participantes.