Fiocruz: “Brasil tem condições de controlar pandemia no 1º semestre”
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Nos próximos 40 dias, o Brasil atravessará o que os pesquisadores do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) chamam de “janela de oportunidade”. Será um período favorável para otimizar o combate ao coronavírus, pois a maioria da população estará com a imunidade fortalecida contra a Covid-19 – proteção adquirida por meio da vacinação ou de forma natura, em razão da onda recente causada pela variante Ômicron.
As políticas públicas adotadas neste momento, aliadas ao comportamento coletivo ante a pandemia, podem levar o país ao controle da Covid ainda no primeiro semestre de 2022. “Neste momento, o Brasil reúne algumas condições favoráveis para bloquear o vírus”, afirma o pesquisador Raphael Guimarães.
O especialista explica que, uma vez que um indivíduo é infectado, está temporariamente imune – já que estudos indicam uma janela entre 70 e 80 dias em que, provavelmente, não ocorre reinfecção. Com a explosão de casos relacionados à Ômicron neste início de ano, espera-se que haja um volume grande de pessoas com imunidade temporária à Covid até meados de março e início de abril.
“Se conseguirmos alavancar a vacinação, vamos reunir um conjunto tão grande de pessoas imunes que é possível pensar em bloquear a circulação do vírus, diminuindo os casos e óbitos”, explica Guimarães.
Fim da Covid
Ao longo da última semana, os governos da Dinamarca e da Suécia e o estado de Nova York, nos Estados Unidos, derrubaram as restrições adotadas nos últimos dois anos, como um sinal de que estão conseguindo controlar a pandemia. A Inglaterra se prepara para aderir a essa mesma medida em 15 dias.
Especialista em saúde pública e diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) na África, Matshidiso Moeti afirmou, na quinta-feira (10/2), que o continente está saindo da fase de pandemia e caminhando para uma situação de controle do coronavírus.
Para o pesquisador da Fiocruz, o Brasil também está próximo desse momento. “O caminho da endemicidade é inevitável e o Brasil tem condições de acabar com a pandemia ainda este ano, mas não é uma via natural. Se os governos agirem da forma correta e a população colaborar, temos muito potencial para ficar em uma posição de mais controle ainda no primeiro semestre”, pontua Raphael Guimarães.
O cenário favorável, entretanto, não permite que as medidas de restrição possam ser flexibilizadas, nem autoriza eventos de aglomeração, como o Carnaval. “É hora de intensificar as medidas de restrição para que o vírus não consiga proliferar. Se a gente colocar o bloco na rua, literalmente, vai acontecer o oposto: o vírus vai ganhar novas oportunidades para circular”, explica Guimarães.
O pesquisador elenca ainda as ações de vigilância epidemiológica como essenciais para o momento. Nesse sentido, é primordial manter a testagem e realizar o isolamento necessário para casos confirmados, de maneira a interromper a transmissão.
*Metrópoles