Infectologista explica transmissão do novo coronavírus
A cronologia de transmissão do novo coronavírus ainda gera muitas dúvidas. Quando a pessoa começa a transmitir? Quando para? E nos casos assintomáticos, a transmissão ocorre do mesmo jeito? Quem responde as dúvidas é Luciano Pamplona, biólogo, epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
“Normalmente, nos casos sintomáticos, essa transmissão começa dois ou três dias antes do início dos sintomas”, afirma. Em relação ao fim da transmissão, o professor explica que, geralmente, depois de dez dias, as pessoas deixam de transmitir. “Os protocolos atuais ainda recomendam isolamento de 14 dias, como uma medida de segurança. Esse tempo de transmissão vai ser influenciado por vários fatores, dentre eles a presença e intensidade dos sintomas”, explica Luciano Pamplona.
Já nos casos assintomáticos, ainda é um desafio determinar quando começa e termina a transmissão do novo coronavírus, pois não há um sintoma como marcador. “Há indícios de que pessoas assintomáticas transmitem menos. Exemplo disso se dá com as crianças. Já está provado que têm menos sintomas e, consequentemente, transmitem menos. Essa é uma das descobertas recentes que ajuda na decisão de manter escolas abertas, com mais segurança”, avalia o epidemiologista. Nos casos assintomáticos, salienta, a recomendação é permanecer em isolamento por até 10 dias.
Em caso de morte, o corpo continua sendo vetor de transmissão. “Estamos falando de uma doença transmitida por vírus, que são seres intracelulares obrigatórios. Portanto, na teoria, deixaria de transmitir. Entretanto, o vírus passa um tempo ainda vivo, mesmo em objetos e superfícies. Um exemplo desse risco foi a suspensão dos serviços de autópsias em virtude do risco de transmissão durante os procedimentos”, ilustra o biólogo.
Vacina
Mesmo quem já se vacinou não pode relaxar nos cuidados, para não ser contaminado. Felizmente, a vacina diminui também a chance de casos sintomáticos ou mais graves. “A vacina faz com que as pessoas não adoeçam. Mas nos casos em que apresentam sintomas, normalmente eles são menos graves, internam menos e morrem menos”, afirma o professor Luciano Pamplona.
*Diário do Nordeste