Iraquianos são detidos no Recife ao tentar embarcar com passaportes falsos

Duas mulheres e uma criança iraquianas foram impedidas de embarcar para a Espanha com passaportes falsos, na madrugada do dia 30, no Aeroporto Internacional dos Guararapes. Em depoimento prestado à Polícia Federal, Eida Haji, 28, e Majida Shammo, 22, afirmaram que pretendiam buscar asilo na Europa e fugir do cenário de conflitos em seu país, onde perderam parentes e não tinham emprego.

O trio já teve um pedido refúgio encaminhado para o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão responsável por analisar os pedidos e declarar o reconhecimento, em primeira instância, da condição dos refugiados.

Os iraquianos tentavam embarcar com passaportes falsos israelenses. De acordo com as duas mulheres, que não traziam nenhum documento além da falsificação, todos os dados são verdadeiros, exceto a origem. 


As estrangeiras afirmaram ser difícil conseguir asilo na Europa na condição de iraquianas e optaram por tentar entrar no país como israelenses. Os passaportes falsos teriam sido produzidos na Turquia e comprados por Majida, no valor de US$ 100 para cada um, no caso dos adultos, e US$ 50 para a falsificação para a criança. As duas adultas e a criança estavam no Brasil desde o dia 25 de dezembro e haviam chegado pelo Rio de Janeiro.

O assessor de comunicação da Polícia Federal, Giovani Santoro, afirma que foram justamente os passaportes que despertaram suspeitas. Um representante da empresa de aviação Air Europa desconfiou da legitimidade do documento e acionou a Delegacia de Imigração. 


Os passaportes, com data de 2016, não traziam o chip adotado por Israel desde 2013 e traziam algumas outras diferenças.

No primeiro momento, as duas mulheres afirmaram ser israelenses, mas a informação foi desmentida após a PF entrar em contato com a embaixada de Israel e nenhuma delas conseguir se comunicar em hebraico. Só então admitiram a origem.

Apesar de receberem voz de prisão em flagrante, as duas foram liberadas e deverão responder o processo em liberdade, junto com o menor, uma criança de seis anos, filho de Eida Haji. 


O trio está provisoriamente hospedado em uma pousada e, a partir de terça-feira (2), deverão ficar em um abrigo indicado pelo Governo do Estado, aguardando a decisão sobre o pedido de refúgio.

Segundo dados da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), o deslocamento motivado por guerras e perseguições políticas atinge mais de 65 milhões de pessoas. O Brasil hoje conta com mais de 10,4 mil refugiados. 


Fonte: Diário de Pernambuco
Postado em 2 de janeiro de 2018