Irmãos mataram colega de trabalho em Natal por conta de demissão, aponta investigação da Polícia Civil
Família de Antônio Denísio pede Justiça — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Um homem de 30 anos suspeito de articular e participar da morte de um colega de trabalho na Zona Norte de Natal, em 23 de abril, foi transferido para o Rio Grande do Norte nesta quarta-feira (22) após um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça.
Ele é suspeito de ter participado, ao lado do irmão, do assassinato do gerente de hotel Antônio Denísio Fernandes, de 37 anos, que foi morto a tiros na frente de casa no bairro Lagoa Azul, na Zona Norte da capital.
De acordo com a investigação da Divisão de Homícidios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Natal, o crime ocorreu porque o suspeito foi demitido e acreditava que isso havia acontecido sob influência de Antônio Denísio.
O homem que foi demitido teria planejado o crime e dirigido o carro na fuga, além de ter convencido o irmão a participar do crime – foi o irmão que efetuou os disparos, segundo a Polícia Civil.
Os dois suspeitos foram presos na BR-020 próximos à cidade de Planaltina, em Goiás, quatro dias após o crime. A abordagem foi feita em uma fiscalização de rotina e uma arma foi encontrada no veículo.
Após a investigação, que apontou o possível envolvimento dos irmãos no crime em Natal, a Justiça conseguiu que um deles fosse recambiado para Natal. O outro segue detido no Distrito Federal.
Investigação
A investigação da Polícia Civil apontou que a vítima e os dois suspeitos trabalhavam no mesmo hotel, na Via Costeira de Natal. Um dos suspeitos foi demitido no dia 18 de abril e acreditou que isso ocorreu sob influência do gerente Antônio Denísio Fernandes – ele também era gerente.
Por conta disso, ele teria planejado o crime e convencido o irmão, que era funcionário do hotel e tem 26 anos, a participar do crime. Ele dirigiu o carro no dia da ação criminosa, enquanto o irmão efetuou os disparos contra Antônio.
“Houve uma divergência, entre eles, profissional gerando com isso a demissão de um deles e ele acreditou que foi causada por Denísio. E houve o planejamento da morte de Denísio com o irmão dele”, disse o delegado de homicídios, Roberto Andrade.
Arma que pode ter sido a usada no crime foi apreendida ao lado de celulares que vão ser utilizados na investigação — Foto: Divulgação
Na mesma semana, os dois haviam feito um churrasco e convidado amigos do hotel como forma de despistar em relação à motivação do crime.
Segundo a investigação da DHPP, diante da exposição do fato de que os irmãos acreditavam que Antônio Denísio havia sido o motivador da demissão, o encontro serviu para convencer os amigos de que eles não pensavam mais dessa forma. Eles ainda avisaram que viajariam para Caldas Novas em busca de oportunidade emprego. Dias depois, teriam cometido o crime e seguiram para a cidade do Centro-Oeste.
‘Tirou a vida de uma família inteira’
Dois meses após o crime, a família segue buscando Justiça e não se conforma com o assassinato do gerente.
“Isso não é motivo para um crime. Na realidade, isso é despeito, inveja, mas que não precisaria ter tirado a vida dele, porque quando ele tirou, ele tirou a vida de uma família inteira e hoje eu estou há dois meses sem dormir, sem me alimentar direito. Os pais dele também não estão muito bem. Então quero deixar bem ciente que quando ele tirou a vida dele, ele tirou a vida da família dele inteira”, lamentou Graziane Silva, viúva de Antônio Denísio.
Familia lamenta morte de Antônio Denísio — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
A viúva conta que Antônio Denísio era uma pessoa divertida e que sempre aproveitava uma folga para ficar a com a família. Ele era pai de duas filhas.
“Ele saía de casa pela manhã e só voltava a noite. E no dia que ele tinha uma folga, ele buscava toda a família e a família pra ele não significava só eu e as filhas dele. Era pai, mãe, cunhados. E a gente sempre vivia em uma diversão conjunta”, conta.
“Quando ele chegava do trabalho ele não parava de trabalhar, porque ele dizia que tudo que ele poderia dar pras filhas dele, ele ia dar, que era coisas que ele nunca teve na infância. E trabalhava demais pra dar o que as filhas dele precisavam. E esse é um sentimento de revolta, porque eles tiraram das filhas o que elas não vão poder ter mais, o convívio do pai, o amor que ele tinha por elas, e não só por elas. Qualquer ser humano na rua que precisasse dele, ele estava ali pra ajudar”.
A viúva pede Justiça e que os responsáveis pelo crime sejam condenados. “O sentimento que fica é de raiva mesmo e pedir Justiça, que não fique impune. Aos juízes, aos promotores, que façam Justiça pela vida dele, porque ele era uma pessoa boa, um trabalhador, um pai de família. Só peço Justiça”.
*G1 RN