Lula confirma candidatura presidencial em entrevista a revista francesa
Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
O ex-presidente Lula (PT) confirmou, pela 1ª vez, sua candidatura presidencial nas eleições de 2022. Em entrevista concedida a uma revista francesa, o petista disse que “não hesitará” em disputar o pleito contra o atual presidente Jair Bolsonaro.
A declaração foi feita à Paris Match, publicação impressa que circula na capital francesa. A entrevista foi publicada nesta 4ª feira (19.mai.2021).
Questionado literalmente se será candidato nas eleições de 2022, Lula respondeu: “Se estiver na liderança das pesquisas para ganhar as eleições presidenciais e gozando de boa saúde, sim, não hesitarei”.
“Presidente Lula em 2022, é possível?“, perguntou a revista francesa. “Sim é possível. Basta fazer a pergunta para povo brasileiro“, disse Lula.
“Acho que fui um bom presidente. Criei laços fortes com a Europa, América do Sul, África, Estados Unidos, China, Rússia. Sob meu mandato, o Brasil tornou-se um importante ator no cenário mundial, notadamente criando pontes entre a América do Sul, África e os países árabes, com o objetivo de estabelecer e fortalecer uma relação Sul-Sul e demonstrar que o predomínio geopolítico do Norte não é inexorável”, declarou.
O ex-presidente também respondeu sobre a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que anulou suas condenações feitas pela operação Lava Jato. Lula voltou a criticar a conduta do ex-juiz Sergio Moro nos processos.
“Em meu 1º depoimento, disse ao juiz Moro: ‘Você está condenado a me condenar porque a mentira foi longe demais e você não tem como voltar atrás’. Essa mentira realmente envolveu um juiz, promotores e a grande mídia do país, os quais me condenaram antes mesmo de eu ser julgado. O que eles não sabiam é que estou pronto para lutar até o último suspiro para provar que se uniram para me impedir de ir às eleições”, afirmou.
A relação diplomática entre Brasil e França também foi tema da entrevista de Lula. Ele falou sobre a importância do cultivo da amizade entre os 2 países.
“Acho que a relação entre os nossos dois países sempre foi extraordinária, excepcional! Acho que tem que continuar assim, apesar das diferenças ocasionais. O Brasil não deve procurar entrar em conflito com nenhum país. Nossa última guerra foi contra o Paraguai há 150 anos! Posso ter divergências com o presidente dos Estados Unidos, mas não devo perder de vista que devo manter relações diplomáticas com ele para garantir a democracia, a política de desenvolvimento, as relações comerciais, a ciência e a tecnologia”, concluiu.
Eis a reprodução das duas páginas da iniciais entrevista de Lula na edição impressa da Paris Match:
Foto: Divulgação Paris Match
CRÍTICAS A BOLSONARO
O ex-presidente também não poupou críticas a Bolsonaro. Em uma das declarações, disse quer o atual presidente da República “nunca escondeu de não gostar de movimentos sociais, sindicatos, partidos de esquerda, movimentos feministas, negros, indígenas.”
“Em várias ocasiões, na frente das câmeras, Bolsonaro encorajou as pessoas [a não cumprirem medidas de isolamento], forçando sucessivos ministros da saúde a imitá-lo. Ele também exortou seus apoiadores a não usarem máscaras durante o protestos. Ficar em casa, disse ele, era para maricas”, completou o ex-presidente Lula.
*Com Poder 360