Mantidas as condições atuais na economia, nem a popularidade de Lula seria suficiente para levar o PT à vitória em 2018

Em seu quinto Congresso, reunido neste fim de semana em Salvador, o partido está diante de um dilema novo. Pela primeira vez, se mostra incapaz de mostrar ao público externo uma imagem de unidade.

O manifesto de deputados petistas contra a política econonômica do próprio governo Dilma Rousseff, lançado ontem, é apenas o último sinal de que as divergências internas agora são mais profundas. Não é mais possível escondê-las, ou resolver o assunto pela expulsão ou saída desta ou daquela voz discordante.

O novo cenário é resultado de dois fatores. O primeiro, e mais evidente, é a sucessão espantosa de escândalos de corrupção que atingem a cúpula do partido. Mensalão e petrolão levaram para a cadeia dois antigos presidentes do PT e seus dois últimos tesoureiros. 


Apesar das provas dos crimes (no petrolão) e da condenação dos réus (no mensalão), ambos os tesoureiros, Delúbio e Vaccari, foram aplaudidos e se tornaram objeto de atos de desagravo. Como conciliar tal fato com a determinação, proposta no congresso, de expulsar aqueles que forem condenados por corrupção? Ou com as idas e vindas na tentativa de barrar o financiamento empresarial ao PT? A contradição é evidente, dentro e fora do partido.

 


O segundo fator é a conjuntura política criada pelo esgotamento natural, após mais de 12 anos no poder, somado à inevitável candidatura de Lula à sucessão de Dilma em 2018. Enquanto Lula estava no poder, foi possível conciliar políticas econômicas que desagradavam a militância com a unidade do partido. Bastava distribuir a sindicatos e às vozes descontentes cargos e poder. A virada no cenário econômico e a resistência de Dilma ao “toma-lá-dá-cá” tornaram sua situação bem mais complicada. 

De acordo com pesquisas internas, a popularidade de Dilma atingiu níveis polares – 8%. A mesma presidente que, no início do primeiro mandato, conquistara a classe média como a “faxineira dos corruptos” e “gerentona”, sem perder a classe baixa que apoiava Lula, agora perdeu as duas.

A classe média se afastou do PT após o petrolão e acirrou a disputa com o tucano Aécio Neves nas eleições do ano passado. 


Com as consequências desastrosas da política econômica praticada por Dilma ao longo do primeiro mandato (inflação e recessão), o que lhe restava de apoio entre os pobres também parece ter se afastado. Para completar, Dilma enfrenta a resistências das alas petistas insatisfeitas com o necessário (mas insuficiente) ajuste fiscal promovido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. As mesmas pesquisas sugerem que, mantidas as condições atuais na economia, nem a popularidade de Lula seria suficiente para levar o PT à vitória em 2018.

Fonte: Marcos Antonio

Postado em 12 de junho de 2015