Médicos vasculares criticam fechamento do Hospital Ruy Pereira
A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio Grande do Norte (SBACV-RN) repudiou nesta quarta-feira, 5, o fechamento do fechamento do Hospital Estadual Ruy Pereira dos Santos. A unidade terá as atividades encerradas pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) até o próximo dia 31 de agosto.
Segundo a SBACV, fechar o único hospital referência no Estado para cirurgias vasculares é uma atitude “arbitrária” foi tomada “sem ao menos conversar com a classe médica”.
Em nota oficial, a entidade apontou para os efeitos negativos causados pelo fechamento do hospital. “A proposta da Sesap de distribuir os leitos existentes no Hospital Ruy Pereira em hospitais da rede estadual de saúde pode ser desastrosa, pois a revascularização em um paciente para prevenir amputação requer uma arteriografia diagnóstica, exame que atualmente só é feito no Hospital Ruy Pereira. Nenhum dos hospitais citados pela Sesap tem estrutura para fazê-lo. Atualmente 25 exames são feitos mensalmente no Ruy Pereira”, detalhou a entidade.
De acordo com o IBGE, o número de pacientes diabéticos no Rio Grande do Norte chega a 350 mil pessoas, ou seja, 10,1% da população potiguar tem diabetes. Segundo dados do Hospital Ruy Pereira, no ano passado foram realizadas 242 amputações, o que revela uma média de 4,6 amputações por semana.
“A SBACV repudia com veemência tal decisão, expondo para toda a sociedade a gravidade dessa decisão, esperando que o Governo do Estado busque uma solução mais eficaz, responsável e humanizada sob pena de aumentar ainda mais as estatísticas de pacientes amputados, mal assistidos ou vítimas da falta de uma política adequada para tratamento dos pacientes vasculares no Estado”, encerrou a nota da entidade.
Leia a nota da SBACV:
A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio Grande do Norte – SBACV-RN vem, em razão do anúncio do fechamento do Hospital Estadual Ruy Pereira dos Santos, publicamente externar seu repúdio, em face da decisão da Secretaria Estadual de Saúde Pública – Sesap, de fechar o único hospital referência no Estado para cirurgias vasculares e principal destino de pacientes em tratamentos para problemas como o “pé diabético”.
Tal atitude, além de arbitrária, revela uma decisão tomada sem ao menos conversar com a classe médica à frente do atendimento desses pacientes, pois o tratamento do “pé diabético” não se limita a uma internação, uso de antibiótico e aguardar por uma cirurgia. O tratamento dessa patologia passa desde a prevenção da lesão, com identificação do pé de alto risco até a revascularização do membro isquêmico, e não deve se limitar a fazer debridamentos e amputações, aumentando a legião de amputados e os custos sociais envolvidos nesse processo.
A proposta da Sesap de distribuir os leitos existentes no Hospital Ruy Pereira em hospitais da rede estadual de saúde pode ser desastrosa, pois a revascularização em um paciente para prevenir amputação requer uma arteriografia diagnóstica, exame que atualmente só é feito no Hospital Ruy Pereira. Nenhum dos hospitais citados pela Sesap tem estrutura para fazê-lo. Atualmente 25 exames são feitos mensalmente no Ruy Pereira.
Para a SBACV-RN, a preservação e o salvamento do membro é o mais importante. Claro que as amputações são realizadas para resguardar as vidas, mas a maneira que essa situação está sendo conduzida nos faz pensar que estamos voltando no tempo, pelo menos uns 20 anos, época em que se faziam apenas amputações e secundarizava a qualidade de vida dos pacientes. O que a Sesap está fazendo é um retrocesso no cuidado com a saúde desses pacientes que têm assistência apenas na capital.
De acordo com o IBGE, o número de pacientes diabéticos no Rio Grande do Norte chega a 350 mil pessoas, ou seja, 10,1% da população potiguar tem diabetes, e que, desses, metade não sabe que tem a doença. Segundo dados do Hospital Ruy Pereira, no ano passado foram realizadas 242 amputações, o que revela uma média de 4,6 amputações por semana.
Em razão do exposto, a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio Grande do Norte – SBACV-RN repudia com veemência tal decisão, expondo para toda a sociedade a gravidade dessa decisão, esperando que o Governo do Estado busque uma solução mais eficaz, responsável e humanizada sob pena de aumentar ainda mais as estatísticas de pacientes amputados, mal assistidos ou vítimas da falta de uma política adequada para tratamento dos pacientes vasculares no Estado.
*Agora RN