‘Morre se não deixar essa vida’, diz mãe de menor suspeita de matar PM

“Queria que ela voltasse a
estudar, pois se não sair dessa vida vai morrer. Ainda tem saída, minhas
orações são para isso”. As palavras são da mãe da adolescente de 15 anos
que admitiu (veja o vídeo ao lado) ter matado o soldado da Polícia Militar
Jailson Augusto do Nascimento na última quarta-feira (26) em Parnamirim, na
Grande Natal. Obedecendo o que rege o Estatuto da Criança e do Adolescente, o
nome da mãe não será divulgado.

Para a mãe, apesar da confissão
do assassinato, a adolescente assumiu um crime que não cometeu. “Está
assumindo algo que não fez porque é menor de idade”, diz. A garota foi
apreendida nesta segunda-feira (31) no bairro Guarapes, zona Oeste de Natal, e
liberada por não ter sido detida em flagrante.

Mãe de outros quatro filhos, ela
conta que ficou sabendo do envolvimento da filha na morte do policial apenas
nesta segunda, quando a adolescente foi apreendida. “Fiquei muito chocada
e magoada. Nunca quis ver minha filha nessa situação. Recebi a ligação do
escrivão da delegacia. Já tinha visto a reportagem sobre a morte. Ele era um
pai de família”, afirma. Ela acrescenta que ao chegar à delegacia,
encontrou a garota machucada. “Estava com a boca inchada. Soube que
bateram muito nela”, revela. Depois de liberada, a garota dormiu na casa
da mãe, na zona Oeste. De lá, a adolescente teria ido para a casa do pai, com
quem mora no bairro Guarapes. Agora ela estaria na casa de um tio, conforme
relata a mãe. “Estava muito assustada, veio para casa comigo, mas no dia
seguinte disse que ia uma buscar uma roupa na casa de uma amiga e foi para a
casa do pai. Para que ele deixou a menina na casa de um irmão. Liguei para o
delegado nervosa, mas ele me disse que no dia da audiência com o juiz vão
buscar ela”, conta.


A mãe morava junto com o pai da
adolescente com os cinco filhos, mas deixou a casa há dois meses. Na separação,
a filha decidiu morar com o pai. “Ela nunca gostou porque fico muito em
cima dela por causa dessas amizades erradas. Ficou perdida”, conclui.

Liberadas após crime

Como não houve flagrante, a
polícia confirmou que a menor prestou depoimento e depois foi entregue aos
pais. Além da adolescente, a operação realizada na tarde desta segunda –
envolvendo as polícias Civil e Militar – também prendeu um homem e uma mulher.

Nos disse que deu um tiro, pensou
que pegou no braço e atirou mais duas vezes. Foi muito fria”

Nilson Martins,

Chefe de Investigações

De acordo com Nilson Martins,
chefe de investigações da 1ª DP de Parnamirim, a suspeita admitiu ter
participado do crime, mas como também não houve flagrante, foi liberada e
responderá pelo homicídio em liberdade. Já contra o homem, ficou constatado que
não há indícios da participação dele no crime e ele foi solto após dar
esclarecimentos.

“A menor contou que atirou
porque o policial militar colocou a mão na parte de trás da cintura. Ela estava
em uma motocicleta que vinha atrás e pegou o PM de costas. Nos disse que deu um
tiro, pensou que pegou no braço e atirou mais duas vezes. Foi muito fria”,
afirmou o chefe de investigações.

Procurados

Três suspeitos de participação na
morte do PM ainda estão sendo procurados pela polícia. Segundo Martins,
“Além da adolescente e da mulher que adimitiram, participaram do crime mais
três homens. Eles estavam em três motocicletas fazendo assaltos em Natal e
Parnamirim”, revelou.
 Felipe Gibson Do G1 RN
Postado em 3 de abril de 2014