MPF aponta repasses de R$ 13 milhões pela Odebrecht a codinome atribuído a José Dirceu; documento é anexado a inquérito que ainda investiga seu filho, deputado Zeca Dirceu(PT)
Relatório técnico do Ministério Público Federal aponta que a empreiteira Odebrecht repassou, entre 2008 a 2012, pelo menos R$ 13 milhões a um codinome atribuído ao ex-ministro José Dirceu.
O documento, datado de novembro de 2018, foi juntado a uma investigação sobre Dirceu e seu filho, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), que tramitava no Supremo Tribunal Federal (STF), mas acabou remetida à Justiça Eleitoral do Paraná em março deste ano pelo ministro Edson Fachin.
O documento é assinado pelo perito criminal federal Gilberto Mendes e foi encaminhado ao procurador da República, José Ricardo Teixeira Alves.
O relatório responde a um pedido de informações sobre o suposto pagamento de R$ 500 mil ao deputado Zeca Dirceu, que, segundo o colaborador, havia sido solicitado pelo seu pai. Metade teria sido paga em 2010 e a outra metade em 2014, segundo o delator Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis.
O G1 procurou a defesa de José Dirceu, mas não havia obtido resposta até a última atualização desta reportagem.
Relatório
Segundo o documento, nos sistemas “Drousys” e “MyWebday B”, usados pela Odebrecht para contabilizar pagamento de propina a agentes políticos e públicos, foram encontradas evidências de que a empreiteira “realizou diversos pagamentos entre os anos de 2008 e 2012, totalizando pelo menos R$ 13 milhões, em favor do codinome “Guerrilheiro”.
O relatório mostra que o dinheiro foi encaminhado ainda a outras variações desse codinome, como “Guerrilheiro 1”, “Guerrilheiro 2”, “Guerrilheiro 3” e “Guerrilheiro 4”, que, de acordo com o documento, “possivelmente” também identificam pagamentos destinados a José Dirceu.
Os registros dos dois sistemas de contabilidade paralela anexados ao relatório mostram que os pagamentos a Dirceu foram feitos no Rio de Janeiro, em Salvador e em São Paulo.
“Conclui-se, portanto, que os registros obtidos nos sistemas da Odebrecht denominados “Drousys” e “MyWebDay B”, mantidos em sigilo no exterior pelo Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, indicam pagamentos entre os anos de 2008 e 2012 no montante de, pelo menos, R$ 13,0 milhões de reais em favor do codinome “GUERRILHEIRO”, que segundo executivos da Odebrecht identifica o ex-ministro JOSÉ DIRCEU, e dos codinomes “GUERRILHEIRO I”, “GUERRILHEIRO 1”, “GUERRILHEIRO 2”, “GUERRILHEIRO 3” e “GUERRILHEIRO 4”, os quais possivelmente também identificam pagamentos destinados ao ex-ministro e merecem um aprofundamento das investigações”, conclui o relatório.
*G1 e O Antagonista