Municípios do RN relatam frascos de CoronaVac com quantidade menor de doses

Produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, CoronaVac em envasada com 10 doses por frasco, mas municípios relatam casos de produto com menos doses — Foto: Instituto Butantan/Divulgação

Produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, CoronaVac em envasada com 10 doses por frasco, mas municípios relatam casos de produto com menos doses — Foto: Instituto Butantan/Divulgação

Pelo menos 633 doses da vacina CoronaVac deixaram se ser aplicadas em potiguares porque frascos do imunizante teriam apresentados menos doses que o informado na embalagem, segundo a Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap). Pelo menos 23 municípios relataram terem recebido frascos com 9 e não 10 doses, como informado na bula. Em nota, Instituto Butatan, que fabrica o imunizante no Brasil, atribuiu o problema a “prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação”.

A Anvisa confirmou “um aumento de queixas técnicas relacionadas à redução de volume nas ampolas da vacina” e afirmou que os relatos estão sendo investigados com prioridade pela área de fiscalização.

A Secretaria Estadual de Saúde afirmou que vai repor as doses aos municípios por meio da reserva técnica, além de notificar o Ministério da Saúde sobre o problema.

“Os municípios relataram que, ao invés de 10 doses, estão vindo 9. Isso aconteceu também em outros estados, foram até mais que aqui, mas temos que repor, ou haverá uma defasagem na vacinação. Já fizemos um ofício sobre o assunto e vamos enviar hoje (terça, 13) ao Ministério da Saúde “, afirmou Kelly Maia, coordenadora de Vigilância em Saúde.

Parnamirim, na região metropolitana de Natal, foi uma das que registrou o problema e notificou a Sesap. “O que tem ocorrido é que alguns frascos de vacina contém menos doses do que o estabelecido, como, por exemplo, frascos da vacina Coronavac/Butantan, que tem indicação de dez doses e alguns estão vindo com nove doses, e a dose que falta gera uma incidência, que imediatamente é informada à Secretaria de Estado da Saúde Pública”, informou em nota sobre perdas de vacinas.

Os municípios que notificaram casos do tipo à Sesap foram:

  • Jaçanã
  • São Gonçalo do Amarante
  • Mossoró
  • Parnamirim
  • Felipe Guerra
  • Natal
  • Monte Alegre
  • São Paulo do Potengi
  • Serra Negra do Norte
  • Ceara Mirim
  • Caiçara do Norte
  • Santo Antônio
  • Encanto
  • Serra do Mel
  • Afonso Bezerra
  • Tabuleiro Grande
  • Currais Novos
  • Caicó
  • Assu
  • Felipe Guerra
  • São José do Mipibu
  • Água Nova
  • Goianinha

Casos também aconteceram em estados como Paraná, na BahiaGoiás e Tocantins, entre outros.

A Anvisa considerou que os eventos são considerados “de baixo risco”, por não haver risco de óbito, de causar agravo permanente e nem temporário. “No entanto, todas as hipóteses estão sendo avaliadas para que se verifique a origem do problema e não haja prejuízos à vacinação em curso no país”, disse.

Em nota, o Ministério da Saúde recomendou que estados e municípios registrem no formulário técnico quando não for possível aspirar o total de doses declaradas nos rótulos das vacinas, para investigação da Anvisa.

Procurado pelo G1, o Instituto Butantan afirmou que cada frasco da vacina contra o novo coronavírus contém nominalmente 10 doses de 0,5 ml cada, totalizando 5 ml, e adicionalmente ainda é envasado conteúdo extra, chegando a 5,7 ml por ampola. De acordo com o instituto, o volume aprovado pela Anvisa seria suficiente para a extração das dez doses.

“Todas as notificações recebidas pelo instituto até o momento relatando suposto rendimento menor das ampolas foram devidamente investigadas, e identificou-se, em todos os casos, prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação. Portanto, não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes pelo Butantan”.

De acordo com o instituto, todas as investigações foram feitas e todos os controles realizados nos lotes liberados foram avaliados. “A conclusão encontrada, e já dividida com a Vigilância Sanitária, é que não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes por parte do Instituto Butantan. Na verdade, trata-se de uma prática incorreta no momento do uso das doses”, reforçou.

O Butantan ainda informou que seringas de volumes superiores (ex: 3ml, 5ml), podem gerar dificuldades técnicas para visualizar o volume aspirado. Outro fator decisivo é a posição correta do frasco e da seringa no momento da aspiração. O instituto informou que “irá revisar a bula da vacina Coronavac, no intuito de promover de forma ainda mais clara as informações relacionadas à forma correta de se realizar a aspiração das doses, adicionando inclusive um QR Code que irá direcionar para um vídeo demonstrativo do procedimento”.

*G1 RN

Postado em 13 de abril de 2021