“Não vamos ser vilões de uma coisa pela qual não somos responsáveis”, diz representante do setor de supermercados sobre alta de preços
Rio de Janeiro (RJ) 22/09/2009 Preço do arroz e feijão . Na foto prateleira de arroz no mercado Mundial | Foto: Gustavo Azeredo /Extra/Agência O Globo
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, disse nesta quarta-feira que os empresários não serão “vilões” de algo que não são “responsáveis”. A declaração foi dada após reunião com presidente Jair Bolsonaro, que vem fazendo apelos aos supermercados pedindo a redução da margem de lucro em produtos da cesta básica.
— Nós não vamos ser vilões de uma coisa pela qual não somos responsáveis, e muito pelo contrário — afirmou.
Sanzovo afirmou que a margem de lucro de produtos básicos, como o arroz, é muito baixa, devido à concorrência de mercado. Ele disse também que, atualmente, os donos de supermercado estão vendendo abaixo do que custaria para repor o produto, uma vez que os empresários trabalham com estoques e custo médio.
— Essa é a lei de mercado, é a concorrência, são 90 mil pontos no Brasil, e o consumidor ele vai aonde o preço tá mais barato, ele busca isso, e a gente quer que ele venha comprar na loja da gente, então a gente tem essa concorrência nesse produto bastante forte — explicou, acrescentando:
— Vocês estão esquecendo que estamos numa concorrência, nós não temos um cartel, ninguém combina preço nem nada, é concorrência pura.
Questionado sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro pedindo patriotismo dos donos de supermercado, Sanzovo afirmou que os empresários estão fazendo a parte que lhes cabe e que o presidente compreendeu isso.
— Nós já fazemos a nossa parte, e o governo já entendeu isso. Com os números, com transparência, já entendeu que os supermercados contribuem para diminuir a inflação, nunca para aumentar — disse.
O presidente da Abras disse que “é difícil de dizer” se existe a possibilidade de faltar arroz nas prateleiras brasileiras, mas que a orientação da associação é que a população não faça estoque do produto e substitua por massas.
— Isso vai ajudar o preço a diminuir, mais a entrada da importação. É trabalhar na oferta e na procura. É lei de mercado, quem já estudou um pouquinho conhece e funciona. É isso que funciona, o resto não funciona. O Brasil já viveu tabelamento, já viveu congelamento de preço, produto some da prateleira — disse.
Segundo Sanzovo, as variações de preço desses alimentos ocorrem porque são produtos sazonais.
— É sazonal, é agricultura: chove demais, faz sol demais. O problema está na lavoura, no custo da produção, na safra baixa; o problema está no câmbio, os produtos estão sendo exportados…
— O que tudo indica é que [o arroz] foi exportado por causa do câmbio alto e é justificável: os produtores de arroz, por muitos anos, tomaram muito prejuízo. Você tem a China fazendo estoque de alimentos, isso tá sendo favorável para a balança comercial, mas deu desequilíbrio — disse.
*O Globo