Vice-candidato na chapa da presidenciável Marina Silva (PSB), o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) afirmou nesta quarta-feira (17) que “ninguém governa sem o PMDB”, mas “não é preciso entregar o governo ao PMDB para ter governabilidade”.
Tanto Marina quanto o seu antecessor na disputa, Eduardo Campos, morto em acidente de avião, condenam a aliança do governo federal com peemedebistas como o presidente do Senado Renan Calheiros (AL) e o senador José Sarney (AP), mas dizem que fariam um eventual governo com “bons quadros de todos os partidos”.
O PMDB participou da base dos governos do tucano Fernando Henrique Cardoso e do petista Lula e tem o segundo maior número de deputados na Câmara –perde apenas para o PT.
Em entrevista ao “Estado de S.Paulo”, Albuquerque foi questionado se políticos de outros partidos citados por Marina desobedeciam orientação partidária para votar em projetos de um eventual governo pessebista. Segundo ele, “há uma diferença entre entregar o governo e governar”.
“Ninguém governa sem o PMDB, mas não é preciso entregar o governo para o PMDB para ter governabilidade. Assim como não precisa entregar o governo ao PSDB se nós vamos ter quadros do PSDB governando.
Ou seja, o governo tem um programa, esse é o nosso pilar de negociação, entendimento e escolha daqueles que terão funções”, afirmou.
“Por que eu, no governo, tenho que perguntar para Renan Calheiros quem devo indicar para ministérios ou para a Transpetro? Não que as indicações de partidos e lideranças sejam ruins. Mas tem que ter perfil”, acrescentou.
‘INFÂMIA’
O vice-candidato classificou de “infâmia de baixo nível” os ataques da campanha petista que diziam que um eventual governo do PSB não investiria na exploração do pré-sal.
“Isso já está em lei, já está sendo prospectado, os investimentos já estão sendo feitos e serão efetivamente realizados”, afirmou. Segundo ele, o pré-sal é “uma das maiores alavancas para o desenvolvimento” do Brasil, na exploração do petróleo e do gás derivado.
Na entrevista, ele também falou sobre a queda do avião em que estava Eduardo Campos. A Polícia Federal investiga o uso da aeronave e trabalha com o possibilidade de ela ter sido comprada por meio de caixa dois empresarial ou do partido.
Ele usou a justificativa oficial do partido sobre o caso e disse que “não é problema” do PSB investigar se a compra foi legal.
De acordo com Albuquerque, “havia um empréstimo ou uma doação presumida de dois empresários” que adquiriram o jatinho da empresa F. Andrade e ofereceram a aeronave a Campos, para, no fim da campanha, “declarar os custos das receitas e despesas do uso da aviação”.
“Aí surgiu o problema de quem comprou. Nós não temos responsabilidade de quem comprou, de que forma foi comprado o avião. O Eduardo pode ter sido enganado por esses empresários, ou não, mas cabe àqueles que estão atrás da explicação fazer o diagnóstico e ver se a compra foi legal”, afirmou.