Novo ministro da Saúde conclama por ‘união da nação’ e diz que sozinho não fará mágica


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Em seu primeiro pronunciamento, o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pediu nesta terça-feira uma “união da nação” contra a Covid-19, disse que quer trabalhar “em parceria” com secretários estaduais e municipais e ressaltou que sozinho não vai “fazer nenhuma mágica”. Ele defendeu medidas como uso de máscara e higiene das mãos para “preservação da economia”. Queiroga enfatizou os esforços para a vacinação e defendeu novas medidas baseadas em “evidências científicas”, sem adiantar mudanças.

— Fui convocado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde do Brasil. Sei a responsabilidade que tenho. Sei que sozinho não vou fazer nenhuma mágica e não vou resolver os problemas da saúde pública que temos. Mas tenho certeza que teremos ajuda dos brasileiros — disse Queiroga.

Em seguida, o novo ministro ressaltou que trabalhará com gestores locais, num aceno de pacificação. Governadores e secretários de Saúde vêm travando um embate com o governo federal devido ao que consideram uma má condução da gestão Bolsonaro na pandemia, especialmente no momento em que redes de saúde estão à beira do colapso.

— Agora temos que unir esforços com os secretários municipais de Saúde, o Brasil tem mais de 5.570 municípios, os secretários estaduais, os órgãos representativos como Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretrias Municipais de Saúde).

Ao defender medidas como uso de máscaras e uso de álcool, Queiroga afirmou que elas podem ser adotadas sem “ter que parar uma economia de um país”.

— Conclamar a população que utilize máscaras. São medida simples, de bloqueio ao vírus. Lavem as mães, usem álcool. São medidas simples, mas importantes. (…) É preciso unir os esforços de enfrentamento à pandemia com a preservação da atividade econômica, para garantir emprego, renda e recursos para que as políticas públicas de saúde tenham consecução — afirmou.

O ministro defendeu a vacinação de “maneira eficiente” para que se consiga “conter a circulação do vírus e por fim à pandemia. Ele também disse que, no momento atual de segunda onda da Covid-19, é necessário melhorar a qualidade da assistência dos hospitais, sobretudo nas UTIs, e concluiu o raciocínio:

— Então, é uma agenda muito grande, que vai necessitar de uma união da nação.

Queiroga fez o breve pronunciamento na porta do ministério, ao lado de Eduardo Pazuello, que deixa a cadeira. Eles passaram o dia no órgão tratando da transição dos trabalhos. O tom adotado por ambos, no entanto, é o de continuidade das políticas. O novo titular da pasta ressaltou que eventuais novas medidas serão adotadas com base na ciência.

— Já conversei com equipes do Ministério da Saúde para que possamos reforçar as medidas que já estão sendo colocadas em prática em todo o Brasil para termos novas contribuições baseadas com o melhor das evidências científicas — destacou, ao elogiar o fato de brasileiros publicarem em renomadas revistas científicas.

Em uma fala de solidariedade às famílias das vítimas, Queiroga chamou a Covid-19 de “doença miserável”:

— (Quero) Levar uma palavra de alento para aquelas famílias que perderam seus entes queridos vítimas dessa doença miserável e outras doenças.

O novo ministro ressaltou ser médico há 30 anos, ao fazer uma espécie de apresentação no início, e teceu elogios ao SUS. Ele elogiou ainda uma iniciativa do primeiro ministro demitido na pandemia, Luiz Henrique Mandetta: a criação da Secretaria de Atenção Primaria na estrutura do ministério.

Pazuello falou no mesmo pronunciamento antes de passar a palavra ao novo ministro. O general afirmou que o trabalho “não é uma transição, é a continuidade do governo”:

— Troca o nome de um oficial general, que estava aqui organizando a parte operacional, a gestão, a liderança, a administração, e agora vai chegar um médico com toda a sua experiência na área de saúde para poder ir além. Estamos somando neste momento, não dividindo — falando em seguida sobre vacinação:

— Essa semana nós teremos 5,6 milhões de doses de vacinas distribuídas para o Brasil. Isso para mim é a coisa mais importante hoje.

*O Globo

Postado em 16 de março de 2021