O bicho humano

Quem é esse ser, às vezes ferino,
Peregrinando de cabeça erguida,
Que tem vida igual à de Severino,
Busca alento escravizado na lida?

É o bicho homem às vezes humano,
Ou às vezes sano, solícito e sonhador
Enrolado em pano, parece um fulano
Na escola da vida conheceu o desamor.

Esse bicho às vezes profano,
Às vezes santo, sã e pecador
Quando pobre, é só um fulano
Morando acima do Equador.

O bicho de pau e rabicho,
Com bigode e cavanhaque,
Levantado como um guincho
No ninho do amor moleque.

O bicho homem se desenvolveu
Cobriu-se para não morrer de frio.
A Deus pai um dia desobedeceu
E foi morar as margens do rio.

Hoje ele é moderno
No inferno da droga
Roga a Deus no frio do inverno
E a vida sempre malogra.

Poeta Francisco Cândido (Berto)
Postado em 15 de junho de 2013