OMS rejeita opção de deixar o coronavírus circular para alcançar imunidade coletiva: “É científica e eticamente problemático”, diz diretor-geral
Foto: Christopher Black / OMS / AFP / CP
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, nesta segunda-feira (12), que “não é uma opção” deixar o novo coronavírus circular livremente para que a população adquira imunidade coletiva, como alguns vêm sugerindo.
“Nunca na história da saúde pública a imunidade coletiva foi usada como estratégia para responder a uma epidemia, muito menos a uma pandemia. É científica e eticamente problemático”, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma coletiva de imprensa.
“Deixar caminho livre para um vírus perigoso, do qual não entendemos tudo, é simplesmente antiético. Não é uma opção”, insistiu.
A pandemia do novo coronavírus causou mais de um milhão de mortes no mundo desde que o escritório da OMS na China registrou o aparecimento da doença no final de dezembro.
Segundo a OMS, que cita diversos estudos epidemiológicos, sua taxa de letalidade é de aproximadamente 0,6%.
“Há um forte aumento na taxa de mortalidade com a idade, mas, em geral, aproxima-se de 0,6%. Pode parecer pouco, mas é muito mais alto do que para a gripe”, explicou a responsável pela gestão da covid-19 na OMS, Maria Van Kerkhove.
“A grande maioria das pessoas na maioria dos países pode contrair o vírus. As pesquisas de soroprevalência sugerem que, na maioria dos países, menos de 10% da população foi infectada”, detalhou Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Ele também explicou que o mundo não sabe muito sobre a imunidade das pessoas que contraíram o vírus e ressaltou que alguns indivíduos foram infectados novamente.
“A maioria das pessoas infectadas com o vírus desenvolve uma resposta imunológica nas primeiras semanas, mas não sabemos se essa resposta é forte, ou durável, ou se difere de pessoa para pessoa”, acrescentou.
Tedros ressaltou ainda que o conceito de imunidade de rebanho é utilizado nas campanhas de vacinação e lembrou que, para a varíola, é necessário que 95% da população seja vacinada para que os 5% restantes estejam protegidos. Para a poliomielite, a taxa é de 80%.
Ele reconheceu que “houve discussões sobre o conceito de alcançar uma suposta imunidade coletiva, permitindo que o vírus se propague”.
Mas “a imunidade coletiva se obtém, protegendo as pessoas contra um vírus, e não expondo-as a ele”, frisou.
A diretora científica da OMS, Soumya Swaminathan, afirmou que há em torno de 40 potenciais vacinas em ensaios clínicos. Destas, dez estão na fase III, a etapa final, que permitirá “conhecer sua eficácia e segurança”.
Swaminathan considerou que alguns grupos farmacêuticos poderão ter “dados suficientes” desses testes, a partir de dezembro.
*UOL com AFP