OS EUA não é o Brasil. Fundador da TelexFree é preso. O outro fundador está foragido
Os dois empresários são acusados de conspiração para cometer fraude eletrônica, e podem pegar até 20 anos de prisão se condenados.
Merrill, de 52 anos, e Wanzeler, de 45, criaram a Telexfree nos Estados Unidos em 2002.
Para autoridades braslieiras e americanas, a venda do serviço tratava-se apenas de uma fachada para uma pirâmide financeira.
A empresa afirma ter arrecadado ceca de R$ 3 bilhões em todo o mundo, mas até o mês passado as autoridades americanas que investigam o negócio apenas haviam encontrado registros de R$ 674 milhões.
Em janeiro, a Telexfree anunciou um patrocínio ao Botafogo de Futebol e Regatas, do Rio.
Um porta-voz da Telexfree informou que a empresa não comentaria pois James Merrill deixou a presidência da empresa em abril, às vésperas de o grupo entrar com um pedido de recuperação judicial.
A reportagem não conseguiu contato com os defensores de Merrill e Wanzeler.
Empresários são réus em processo no Brasil
No Brasil, Merrill e Wanzeler são réus numa ação civil pública em que o Ministério Público do Acre (MP-AC) o acusa, junto com outros responsáveis da Telexfree, de criar uma pirâmide financeira.
O caso, entretanto, ainda não foi julgado.
Em junho de 2013, as atividades e contas da Ympactus Comercial, braço brasileiro da Telexfree, foram bloqueadas a pedido do MP-AC.
No mês passado, a Securities and Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários americana) determinou o congelamento dos bens do grupo Telexfree, de seus sócios e de três grandes divulgadores.
Segundo a CVM americana, a Telexfree faturou apenas R$ 2,9 milhões com vendas de pactoes VoIP entre agosto de 2012 e março de 2014, ou pouco mais de 1% dos R$ 2,5 bilhões que prometeu pagar aos divulgadores. Nesse período, a empresa vendeu 26,3 mil pacotes VoIP, embora admita ter cerca de 700 mil divulgadores em todo o mundo.
Ao denunciar a Telexfree, a CVM americana a descreveu como uma “máquina de fazer dinheiro” para os donos.
Merrill, dono de um pequeno negócio de limpeza, montou a empresa de VoIP sem nunca ter atuado no ramo das comunicações, e ficou milionário.
Apenas em dezembro de 2013, quando a empresa já era investigada nos EUA, o empresário recebeu R$ 7,3 milhões da Telexfree. Carlos Wanzeler, que trabalhava para Merril na empresa de limpeza, retirou R$ 10,1 milhões no mesmo mês.