Homem se passa por médico durante quatro dias em hospital
Na noite da última segunda-feira, o mistério foi solucionado: tratava-se de um doente esquizofrênico que, devido à falta de segurança na unidade médica da cidade, conseguiu entrar nas dependências da unidade de saúde sem problemas. Um dos que tomaram a decisão de falar com o homem e descobrir sua identidade foi o médico Diego Torquato.
Antônio – ele será identificado assim na matéria – chegou a dizer que estava a serviço da Prefeitura de João Câmara. Depois mudou a versão, dizendo que seria um contratado da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), versões checadas e desmentidas por Torquato e outros médicos da unidade. O invasor chegou a passar um número de registro no Conselho Regional de Medicina do RN (Cremern).
Após ser confrontado com as inverdades, o senhor de idade desistiu de sua fantasia. Pediu desculpas e deu seu telefone celular, que continha o contato de um irmão. Antônio é de Natal, sofre de esquizofrenia e inclusive esteve internado no Hospital Colônia Dr. João Machado, na capital, especializado no tratamento de pacientes com problemas psiquiátricos.
Em nenhum momento o homem apresentou comportamento agressivo no período em que esteve no hospital, diz Diego Torquato.
Em contato com o NOVO, alguns funcionários reclamaram da falta de segurança no local. Um clínico que preferiu não se identificar afirmou que a administração da unidade, em vez de chamar a polícia, contatar a Sesap ou o Cremern para pedir auxílio, pediu para que os próprios funcionários vigiassem o intruso até que ele fosse embora. “É um absurdo termos que vigiar alguém desconhecido enquanto estamos no nosso local de trabalho”, reclamou o médico por telefone.
Cremern
O Cremern foi acionado pelos médicos do Hospital Regional de João Câmara para auxiliar nos procedimentos a serem tomados no caso do falso médico da unidade. Em contato com a reportagem por meio de sua assessoria de imprensa, o órgão afirmou que apenas orientou os solicitantes para que chamassem a polícia e registrassem um boletim de ocorrência.
Contudo, a situação foi resolvida verbalmente e um termo de compromisso foi assinado pelo irmão do doente, que se responsabilizou pelo familiar.
Sesap ainda não determinou sindicância
Em nota enviada ao NOVO, na tarde de ontem, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) afirmou que estava ciente da ocorrência no Hospital Regional de João Câmara, mas que ainda não sabia se iria abrir uma sindicância.
“O problema foi relatado informalmente para a Sesap, que aguarda o comunicado oficial da diretoria da unidade de saúde para encaminhá-lo à Coordenadoria de Hospitais [Cohur]”, informou a pasta.
Enquanto os funcionários do hospital disseram que eles fizeram toda a “investigação” e entraram em contato com a família do homem, a Sesap informou que a direção da unidade é que, após ficar ciente do problema, verificou a existência do “falso médico”. “Ao descobrir a fraude, de imediato comunicou à família que, por sua vez, atestou problemas de sanidade mental e o encaminhou ao atendimento psiquiátrico”, informou a pasta.
Em sua nota, a Sesap ainda esclareceu que os serviços de vigilância nos hospitais do interior do estado já estão praticamente “normalizados”. Segundo a pasta, para a segurança armada entrar em operação falta apenas a Polícia Federal efetivar a liberação do porte de armas junto à empresa contratada.