Zika pode ter relação com outras complicações congênitas, dizem pesquisadores
Os bebês foram acompanhados em Campina Grande (PA).
Dos oito fetos acompanhados durante a gestação, dois tinham o vírus no tecido cerebral e acabaram morrendo 48h depois do parto. Um deles não tinha microcefalia, mas o tecido cerebral estava severamente comprometido.
“A novidade da análise é que a infecção do vírus Zika no cérebro pode ter uma gama de alterações, desde implicações simples a alterações graves, como as lesões destrutivas que causaram a morte dos dois bebês”, disse Tanuri, que é especialista em genética de vírus. “Estamos tentando sistematizar uma síndrome congênita do Zika e tentar ajudar os colegas a identificá-la em outros casos”, afirmou.
“Na história da medicina, todas essas doenças congênitas demoraram um longo tempo para serem desvendadas”, comentou Tanuri. Ele disse que, até o momento, a estimativa é que haja de dois a cinco bebês com microcelafalia a cada 100 grávidas infectadas com Zika.
Para os pesquisadores, o estudo é importante para lançar luz sobre o problema para pesquisadores no Brasil e pelo mundo. “Precisamos formar um padrão.
Outra descoberta foi que todos os vírus que circulam na América Latina são idênticos, com base no sequenciamento do genoma do Zika a partir do líquido amniótico de um feto.
“É mais uma pecinha que se encaixa nesse quebra-cabeça, para indentificarmos ou não a causalidade do vírus no cérebro”, disse Brindeiro.
Um fato que surpreendeu os pesquisadores foi a constatação da permanência do vírus durante toda a gestação nos dois bebês que acabaram morrendo após o parto.
Os pesquisadores lamentaram a falta de recursos para tocar os estudos.”Estamos fazendo um sacrifício sobre-humano, as verbas estão cada vez mais curtas e essa epidemia bateu no Brasil em uma hora muito ruim”, destacou o virologista.