Sérgio Claro dos Santos, de 31 anos, diz ter perdido 20
quilos desde a confusão em que se envolveu e que resultou na morte de um bebê
de cinco meses em Barrinha (SP). O pintor, que estava foragido e se entregou à
polícia na quarta-feira (14), afirma que se arrepende e não consegue dormir ou
comer. “Acabei com minha vida, acabei com a vida de uma criança.”
Em 6 de janeiro, Lorenna Cordeiro Thimóteo teria sido
agredida por ele com uma paulada e morreu no último sábado, após ficar quatro
dias internada no Hospital das Clínicas (HC-UE) de Ribeirão Preto (SP), com
traumatismo craniano. Santos garante não ter visto a criança no colo da mãe no
meio da briga e diz que apenas tentava se defender de moradores que atacaram o
carro onde estavam seus filhos.
O homem ficou foragido por quase uma semana na casa dos pais
em Cornélio Procópio (PR). Ele cumprirá prisão temporária na Cadeia Pública de
Jaboticabal (SP) e deve responder por homicídio doloso, ou seja, com intenção
de matar.
Defesa
O pintor afirma que, pouco antes da confusão, tinha ido à
casa de sua ex-mulher com dois filhos para buscar sua filha e levá-los para
comer um lanche. Enquanto esperava pela menina do lado de fora da residência,
um rapaz do outro lado da rua teria provocado a discussão que, segundo Santos,
resultou nas agressões.
Ele conta que, depois de ter sido ofendido e de ter o carro
atacado e danificado pelos moradores, saiu do veículo e pegou um pedaço de
madeira para se defender. Ao tentar atingir o rapaz, no entanto, ele diz ter
sido surpreendido por uma mulher, que entrou no meio carregando uma criança no
colo.
“Como uma mulher com uma criança entra no meio de uma briga?
Eu estou arrasado. Faz dez dias que não durmo. Não como, emagreci 20 quilos.
Sou uma pessoa boa, trabalhador, não devo nada pra sociedade. Eu encontrei o
pau lá para me defender. Eu me arrependo, não vi a criança. Eu sou pai, tenho
cinco filhos”, diz.
O homem alega que desde o início pensou em se entregar e que
está à disposição para contar a verdade dos fatos, mas nega ser “um monstro”.
“Peço para a população desculpa, porque não sou uma pessoa ruim. Moro há 31
anos em Barrinha, nunca tive problema com ninguém. A Justiça está aí, estou
dando meu depoimento. Minha versão é correta, não preciso mentir.”
Eu estou arrasado. Faz dez dias que não durmo. Não como,
emagreci 20 quilos. Sou uma pessoa boa, trabalhador, não devo nada pra
sociedade. […] Eu me arrependo, não vi a criança”
Sérgio Claro dos Santos
Outra versão
O delegado Targino Osório, responsável pelas investigações,
diz que as testemunhas têm outra versão dos fatos. Segundo ele, quem viu a
confusão afirma que foi o pintor quem teria começado as agressões e que os
moradores atacaram seu carro depois que a criança já tinha sido atingida.
Osório também não acredita na alegação de que o agressor não viu o bebê antes
de dar a paulada.
Segundo testemunhas, ao descer do carro na frente da casa da
ex-mulher, o pintor começou a discutir com um adolescente de 16 anos, vizinho
dela, que estava na calçada com a irmã e a sobrinha. A mãe da menina, Flávia
Thimóteo, tentou intervir na discussão e, nesse momento, o agressor foi até o porta-malas
do carro, pegou um pedaço de madeira e começou a agredi-la. O homem, no
entanto, acabou atingindo Lorenna, que estava no colo da mãe.
Após os acertar o bebê, o suspeito entrou no carro e fugiu.
Lorenna foi socorrida por vizinhos e levada até pronto-socorro da cidade, e
depois acabou transferida para o HC-UE, mas não resistiu.
Para a Polícia Civil, o suspeito agiu por ciúme da
ex-mulher, vizinha da família da criança. De acordo com Targino Osório, o rapaz
tentou agredir um adolescente de 16 anos, tio da menina, porque suspeitava que
ele tivesse algum tipo de relacionamento com sua ex-mulher.
Na última sexta-feira, a Justiça de Sertãozinho (SP)
decretou a prisão temporária do suposto agressor. Durante o velório da menina,
no domingo (11), o avô materno da menina, Ismael Thimóteo, fez um apelo para
que ele se entregasse à polícia.