A frieza como a adolescente agiu para matar o PM trouxe de
novo à tona a discussão da diminuição da maioridade penal
Nessa segunda-feira, a polícia
confirmou a apreensão de uma jovem de 15 anos, suspeita de ter assassinado a
tiros, na última quarta-feira, o soldado PM Jailson Augusto do Nascimento, de
45 anos. Além dela, uma mulher de 22 anos, identificada como Jessica Daniele de
Oliveira do Nascimento, foi presa. Na delegacia, a adolescente confessou o
crime. De acordo com os delegados que investiga o caso, outras três pessoas
também fazem parte da quadrilha, que é suspeita de ter feito diversos assaltos
e tinha a menor como a mais violenta do grupo.
“Essa quadrilha vinha agindo há
vários dias na região. As motos usadas no crime tinham sido roubadas em natal.
A quadrilha tinha feito alguns arrastões naquele mesmo dia. Segundo informações
que colhemos, a menor era a que tinha o comportamento mais violento nas ações,
pois ela sabia que teria uma pena menor caso fosse pega, já que as leis
beneficiam os menores de idade diante dessas situações”, destacou o delegado
Ronaldo Gomes, titular da 1ª DP de Parnamirim.
Em depoimento na delegacia, a
adolescente confessou o crime e afirmou que atirou pelo fato de o PM ter
colocado a mão atrás da cintura. Ela também frisou que atirou novamente para
certificar que o homem tinha morrido. “Eu encarei com ele e ele encarou com a
gente e eu cismei com ele. Quando a gente “arrudiou” a rua e parou eu disse que
era um assalto, ele quis reagir, ele ia puxar a arma para atirar em mim. Atirei
uma vez, pensei que ele não tinha morrido e atirei mais duas vezes”, disse para
a Intertv.
Além das presas, participaram do
crime mais três homens. “Eles estavam em três motocicletas fazendo assaltos em
Natal e Parnamirim. Eles saíram fazendo arrastões em todo o lugar que viam.
Quando foram roubar um churrasquinho, o PM estava lá. Foram duas motos na
frente e uma ficou atrás, justamente a que pegou o policia. Ela (a adolescente)
estava em uma motocicleta que vinha atrás e pegou o PM de costas. Ela nos disse
que deu um tiro, pensou que pegou no braço e atirou mais duas vezes. Foi muito
fria”, afirmou o delegado Nilson Martins, chefe de investigações da 1ª DP de
Parnamirim, em entrevista ao G1-RN.
As prisões aconteceram no início
da tarde dessa segunda-feira (31) e aconteceram no bairro dos Guarapes, na Zona
Oeste de Natal, e na comunidade Brasília Teimosa, Zona Leste da capital
potiguar. De acordo com a PM, os policiais civis e militares receberam
informações de onde estaria a adolescente e ficaram esperando para realizar a
apreensão. Os outros três integrantes do bando já foram identificados e a
polícia tem feito buscas para localizá-los.
O crime
Na noite da última quarta-feira
(26), o soldado Jailson tinha acabado de deixar a filha em casa e parou em um
churrasquinho. Pouco tempo depois, os suspeitos chegaram em motocicletas, uma
delas modelo Bros de cor amarela, a realizaram um assalto em um estabelecimento
próximo do churrasquinho. Quando foram em direção ao churrasquinho, o PM teria
esboçado uma reação e foi alvejado. Os disparos atingiram a cabeça do soldado e
também a região do tórax. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU),foi
acionado, mas Jailson morreu antes mesmo que o socorro chegasse.
Maioridade penal
A frieza como a adolescente agiu
para matar o Policial Militar trouxe novamente a tona a discussão da diminuição
da maioridade penal, que hoje está definida em 18 anos. Em entrevista ao Jornal
de Hoje, o coronel Francisco Araújo, comandante geral da Polícia Militar do Rio
Grande do Norte, disse que a mudança só iria trazer outros problemas para a
sociedade. “Eu sou totalmente contra a diminuição da maioridade penal. Se isso
acontecer, depois teremos crianças de 6 ou 7 anos presas nos presídios. O que
precisamos mudar é aquilo que falei, as políticas públicas. Os jovens precisam
de escola em tempo integral e de lazer. Caso contrário esse cenário atual não
irá mudar”.
Para o coronel, os jovens só irão
sair do mundo do crime quando a sociedade mudar. “O produto final que chega
para a polícia resolver, não foi causado pela polícia. É uma situação que vem
da família, do cuidado dos pais com os filhos. Depois passa pela igreja e pela
escola. Digo igreja como um moderador, independente da religião. O jovem
precisa ter escola em tempo integral. Os pais precisam saber com quem os filhos
andam. Quando isso tudo falha, termina na polícia. A Polícia é chamada para
resolver o que falhou lá atrás”, afirmou.
Fonte: JHRN