“Parte da elite não aceita até hoje que mulher com meu perfil ocupe a cadeira mais importante do RN”, diz Fátima
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), classificou nesta segunda-feira (8) como “misóginos” os ataques ofensivos que vem recebendo nos últimos dias pelas redes sociais, após endurecer as medidas restritivas para conter o avanço da pandemia de Covid-19 no Estado. Fátima relacionou o tom das críticas ao fato de ser mulher e ex-sindicalista.
Ao lamentar a onda de notícias falsas disseminadas na internet a seu respeito, a governadora potiguar – única mulher no Brasil a dirigir um estado – atribuiu a publicação do conteúdo à ação de “parte da elite” que, segundo ela, segue inconformada com sua eleição para o Governo do Estado em 2018.
“Tem uma parte da elite que não aceita até hoje que uma mulher com meu perfil, minha história, humilde, uma professora do Estado vinculada a um partido de esquerda, ocupe a mais importante cadeira do Rio Grande do Norte, que é a cadeira de governadora”, disse a gestora, em entrevista ao canal do Opera Mundi no YouTube.
Fátima Bezerra disse que a “cadeira de governador” historicamente é associada ao que chamou de patrimonialismo – tese das ciências sociais segundo a qual tudo no Estado pertence ao detentor do poder. “Aquela cadeira era o símbolo do patrimonialismo, era o símbolo das oligarquias, era o símbolo do fisiologismo. Não é à toa que a minha eleição quebra esse ciclo. O Rio Grande do Norte foi o único estado a fazer essa mudança de sair de governos de perfil conservador-oligárquico para um governo de perfil progressista”, enfatizou a governadora do RN.
Apesar de lamentar as fake news, Fátima avaliou ter o apoio da maioria da população potiguar para seguir governando. “A maioria do povo tá conosco. E eu vou dizer uma coisa. Peguei um estado quebrado. Aqui não tinha sequer calendário de pagamento”, destacou.
Na mesma entrevista, Fátima ironizou um protesto realizado no fim de semana em frente à casa dela contra as mais recentes medidas restritivas decretadas por ela para conter o avanço da pandemia de Covid-19 no Estado.
A governadora disse que a manifestação foi esvaziada e teve a presença apenas de “quatro gatos pingados”. O ato foi organizado por movimentos de direita e por empresários afetados pelo novo decreto estadual – segundo a governadora, todos “negacionistas”.
No domingo (7), uma carreata contra a ampliação do toque de recolher no Rio Grande do Norte percorreu diversas ruas de Natal. Ao fim da manifestação, um grupo de motoristas promoveu um “buzinaço” em frente à casa da governadora, que fica em Ponta Negra, na Zona Sul da capital potiguar.
Ao Opera Mundi, Fátima classificou o ato como um “atrevimento”. “Como se não bastassem as fake news, ontem, em função das medidas restritivas que tivemos que adotar, lá vem a ira dos negacionistas. Ontem fizeram um buzinaço aqui na minha casa. Eram quatro gatos pingados. É muito atrevimento”, destacou a petista.