Pecuarista envolvido em arrecadação pró-Bolsonaro visitou 11 vezes o Palácio do Planalto
Um dos líderes do grupo do agronegócio que tenta alavancar a campanha à reeleição de Jair Bolsonaro, inclusive por meio de doações de dinheiro, o pecuarista Bruno Scheid esteve no Palácio do Planalto em 11 dias diferentes, entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, indicam dados da Presidência da República. Em alguns dias, Scheid teve mais de um compromisso.
Como revelou o Estadão em março, Scheid fez parte de um movimento que pedia dinheiro a pecuaristas dispostos a apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. O pedido de dinheiro não foi bem-recebido por ruralistas. O grupo do qual Scheid fazia parte dizia falar em nome de Valdemar Costa Neto, presidente do partido de Bolsonaro, o PL.
Os registros do Planalto, obtidos pelo Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revelam que Scheid frequentou diferentes repartições no Planalto. Nesse período, conforme ruralistas e pecuaristas consultados pela reportagem, tentava angariar apoios e contribuições em grupos de WhatsApp do setor, o que gerou protestos. Ele nega.
Em março, Bruno Scheid foi prestigiado durante encontro de pecuaristas com Bolsonaro, no qual sentou-se ao lado do presidente e ministros. Ele discursou com destaque. A reunião, sem pauta específica, segundo o próprio Scheid informou ao Estadão, ocorreu fora da agenda oficial – não houve divulgação prévia. Na audiência, fizeram-se presentes pecuaristas que se declararam dispostos a doar dinheiro para a futura campanha do presidente.
Acesso ao Planalto
Nos meses anteriores, Scheid circulou por todos os cantos do palácio. Passou pelas salas da Assessoria Especial, pelo Gabinete Adjunto de Agenda e pelo Gabinete Pessoal, todos no 3º andar, onde Bolsonaro despacha; pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), no 4º andar; e pela Secretaria Especial de Comunicação Social, no 2º andar.
Em um registro de rede social, Scheid postou foto sorrindo ao lado do general Augusto Heleno, ministro do GSI. O órgão é o segundo destino mais frequente de Scheid, atrás apenas das dependências ligadas ao próprio Bolsonaro. O nome do pecuarista rondoniense aparece apenas três vezes nas agendas da Presidência.
Com base em Ji-Paraná (RO), Scheid ascendeu como liderança informal no agro bolsonarista e ganhou interlocução com nomes fortes da campanha, como Valdemar Costa Neto e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Scheid filiou-se ao partido e pretende se candidatar a deputado federal.
Ele tem feito campanha aliado ao senador Marcos Rogério (PL-RO), pré-candidato ao governo do Estado. Procurado pelo Estadão para falar sobre as visitas ao Planalto, Scheid não respondeu.
*msn.com