Pediatra alerta para surto da doença ‘mão-pé-boca’ em crianças no RN

Síndrome da ‘mão-pé-boca’ é uma doença extremamente contagiosa entre crianças — Foto: Prefeitura de Cuiabá/Divulgação

Síndrome da ‘mão-pé-boca’ é uma doença extremamente contagiosa entre crianças — Foto: Prefeitura de Cuiabá/Divulgação

Uma doença comum no verão e no outono brasileiro está chamando atenção de pais de crianças em idade escolar no Rio Grande do Norte. Transmitida pelo vírus Coxsackie, a ‘mão-pé-boca’ provoca lesões nas mãos, pés e boca, como o nome sugere.

O pediatra do Instituto Santos Dumont (ISD), Ruy Medeiros, confirma o surto da doença em cidades como Natal e Macaíba, na Região Metropolitana. Na capital potiguar, algumas escolas chegaram a suspender as aulas do Ensino Infantil para impedir o avanço da contaminação entre os alunos.

Médico alerta para surto da doença ‘mão-pé-boca’ em crianças no RN — Foto: Ascom/ISD

Médico alerta para surto da doença ‘mão-pé-boca’ em crianças no RN — Foto: Ascom/ISD

“A gente chama de síndrome ou doença mão-pé-boca. Ela acomete, principalmente, crianças menores de cinco anos. É uma doença transmitida por via direta ou indireta. Os principais sintomas são os inespecíficos, tipo vômito, náuseas e diarréia. Mas a principal apresentação clínica é a febre e lesões no corpo. Essas lesões no corpo são do tamanho de grãos de arroz que acometem, principalmente, mãos, pés e boca. Por isso, o nome da doença”, explica o médico.

“É uma doença extremamente transmissível entre crianças. A gente tem observado surtos em Natal e Macaíba, mas também em vários locais do Estado”.

De acordo com o pediatra, a doença também pode acometer outras partes do corpo, como joelhos, genitália e nádegas. “Essas lesões vão evoluindo e se tornando pequenas feridas. Quando essas lesões acometem a boca, podem causar muita dor e dificuldade para deglutir. As lesões no corpo podem causar dor, também, e coceira”, conta.

Para a doença, não há tratamento específico. Ela surge e desaparece, na maioria dos casos, entre cinco e sete dias contados a partir dos primeiros sintomas. O ideal é que, nesse período, os pais e responsáveis pelas crianças evitem levá-las à escola e a locais com grande circulação de pessoas.

“A gente pede que pais que tenham crianças com sintomas, como febre e lesões no corpo, suspendam a aglomeração dessas crianças, quer seja na escola ou com outras crianças da mesma idade, para evitar a transmissão. Em pequenas localidades com crianças confinadas em ambientes muito fechados, como escolas, a transmissão é muito rápida”, explica o médico.

A doença mão-pé-boca é altamente contagiosa. De acordo com Ruy Medeiros, o tratamento é feito conforme os sintomas. Se há dor e febre, por exemplo, são ministrados medicamentos que irão aliviá-los, como os analgésicos. Caso as lesões agravem, a orientação é pelo uso de antibióticos.

De acordo com Ruy Medeiros, o surto dessa doença se caracteriza pela velocidade da transmissão. Os pais devem ficar atentos, ainda, ao correto diagnóstico, pois a doença é comumente confundida com sarna e escabiose. “O período de transmissão da doença pode anteceder o aparecimento das lesões. Algumas crianças, antes de apresentarem sintomas, já podem transmitir. Assim que aparecerem os sintomas, procure o serviço de saúde para que se possa ter uma orientação a respeito, se é uma doença grave ou não”, recomenda.

De acordo com o Ministério da Saúde, alguns sintomas que podem ser: febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões; surgimento de manchas vermelhas com vesículas branco-acinzentadas na boca, amígdalas e faringe; erupção de pequenas bolhas em geral nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas que pode ocorrer também nas nádegas e na região genital; mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia; dificuldade para engolir e muita salivação por causa da dor.

A doença mão-pé-boca é comum na infância, com poucos casos registrados em adultos. A transmissão se dá pela via fecal/oral, através do contato direto entre as pessoas ou com as fezes, saliva e outras secreções, ou então através de alimentos e de objetos contaminados.

Mesmo depois de recuperada, a pessoa pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas. O período de incubação oscila entre um e sete dias. Na maioria dos casos, os sintomas são leves e podem ser confundidos com os do resfriado comum.

Nem sempre a infecção pelo vírus Coxsackie provoca todos os sintomas clássicos da síndrome. Há casos em que surgem lesões parecidas com aftas na boca ou as erupções cutâneas; em outros, a febre e a dor de garganta são os sintomas predominantes.

Recomendações

Alimentos pastosos, como purês e mingaus, assim como gelatina e sorvete, são mais fáceis de engolir. Bebidas geladas como sucos naturais, chás e água são indispensáveis para manter a boa hidratação do organismo, uma vez que podem ser ingeridos em pequenos goles.

O cuidador deve sempre lavar as mãos antes e depois de lidar com a criança doente, ou levá-la ao banheiro. Se ela puder fazer isso sozinha, insista para que adquira e mantenha esse hábito de higiene mesmo depois de curada.

Além disso, é recomendado evitar, na medida do possível, o contato muito próximo com o paciente (como abraçar e beijar); cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir; manter um nível adequado de higienização da casa, das creches e das escolas; não compartilhar mamadeiras, talheres ou copos; afastar as pessoas doentes da escola ou do trabalho até o desaparecimento dos sintomas (geralmente 5 a 7 dias após início dos sintomas); lavar superfícies, objetos e brinquedos que possam entrar em contato com secreções e fezes dos indivíduos doentes com água e sabão e, após, desinfetar com solução de água sanitária diluída em água pura (1 colher de sopa de água sanitária diluída em 4 copos de água limpa) e descartar adequadamente as fraldas e os lenços de limpeza em latas de lixo fechadas.

*G1 RN

Postado em 11 de agosto de 2021