Protesto cobra investigação de morte de jovem após ser levado em viatura da PM em Natal
Protesto cobra investigação de morte de jovem após ser levado em viatura da PM em Natal — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Familiares, amigos e colegas de trabalho do jovem Ray Evangelista do Nascimento Otávio, de 26 anos, realizaram um protesto na tarde desta segunda-feira (14), na Vila de Ponta Negra, na Zona Sul de Natal. Usando roupas brancas e exibindo cartazes, eles pediam paz na comunidade. O pai, a mãe e a irmã de Ray também cobram, um mês depois do crime, respostas sobre a morte do rapaz, que foi levado por policiais militares após uma ocorrência e teve o óbito confirmado com sinais de espancamento.
O protesto passou pela Rua Rio Grande do Norte, local em que Ray foi visto pela última vez, no dia 14 de fevereiro. A família conta que, naquele dia, Ray teve um surto psicótico após consumo de drogas, pulando muros de casas e assustando moradores, que chamaram a polícia.
Ele foi levado por uma viatura da PM para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cidade Satélite e o corpo apresentou sinais de espancamento. De acordo com a família e amigos, Ray entrou na viatura sem qualquer marca de agressão.
O jovem morreu no dia 15 de fevereiro, na própria UPA. Na oportunidade, o laudo inicial do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) entendeu a causa da morte como “agressão física”.
A manifestação desta segunda-feira também contou a Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (Renfa). Maria Leuça, representante do movimento, lembrou o perfil da vítima: jovem, negro e morador da periferia.
Em nota, a Polícia Civil informou que “as circunstâncias da morte de Ray Evangelista do Nascimento Otávio estão sendo apuradas em Inquérito Policial instaurado na 15ª Delegacia Distrital de Natal. A investigação tramita sob sigilo, porém a instituição trabalha para esclarecer o fato e identificar o(s) envolvido(s)”.
Protesto na Vila de Ponta Negra cobra investigação de morte de Ray Evangelista — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
O caso
Na época do crime, na guia de encaminhamento de cadáver, o médico da UPA de Cidade Satélite citou que Ray deu entrada com “Glasgow 3”, que é uma escala utilizada por profissionais de saúde para classificar o coma – o nível 3 é o mínimo numa escala que vai até o 15, e significa que a pessoa não abre os olhos, nem fala, nem se mexe ou reage a estímulos.
O médico da UPA ainda escreveu no documento o “provável uso de cocaína no dia do ocorrido, evoluindo com quadro psicótico” e que “há relatos de agressões por populares”.
A causa da morte no mesmo documento aponta: politraumatismo, rebaixamento do nível de consciência, hemorragia digestiva alta e choque hipovolêmico.
Ray tinha 26 anos de idade — Foto: Cedida
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