Representante do MP afirma que a Polícia não investiga poderosos


uma boa justificativa para o fato de existirem bem menos pessoas presas
atualmente no Brasil por decorrência de investigações do Ministério
Público do que aqueles que são detidos pela Polícia Civil, conforme
apontou diretor da Associação Nacional dos Delegados de Polícia, Magnus
Barreto. E o motivo disso não tem nada a ver com o fato do MP poder ou
não investigar. Segundo o presidente da Associação dos Promotores de
Justiça do RN (Ampern), Eudo Leite, o motivo é que o MP investiga crimes
praticados por poderosos, enquanto as polícias prendem pessoas mais
humildes.


“Magnus tem alguma
razão no que está dizendo pelo simples fato de que quem está
investigando os crimes de corrupção, de colarinho branco, os poderosos, é
o Ministério Público. A Polícia está investigando só preto, pobre e
prostituta. Portanto esses vão para cadeia normalmente no Brasil”,
afirmou o presidente da Ampern.


Segundo Eudo Leite,
“os políticos, a classe econômica poderosa nesse país, a gente tem uma
grande dificuldade de colocar na cadeia. Mas o MP tem feito um trabalho
exemplar. Tem investigado, tem acusado. Tem conseguido prisões para
permitir que o processo possa andar, prisões preventivas, que permitem a
não destruição de provas”.


Além disso, o fato
das condenações não terem sido deferidas até o momento, em muitos casos,
não é consequência da investigação, mas sim do ritmo processual mesmo.
“Condenação ou não, aí é um problema do sistema judicial brasileiro. É
um problema de cultura. É um problema do processo ser muito mais
complexo, ter grandes advogados, que cria uma grande dificuldade para o
processo tramitar adequadamente. Na verdade, os poderosos, a quem o MP
atinge, realmente, há muito mais dificuldade para que eles sejam
condenados”, analisou.
Do Jornal de Hoje
Postado em 14 de abril de 2013