Rio: Helicóptero da PM cai em meio a tiroteio e mata 4

No início da noite deste sábado, após um dia de terror na Linha Amarela, um helicóptero do Grupamento Aeromóvel (GAM) da Polícia Militar caiu — ou foi derrubado —, por volta das 19h30m, na Avenida Ayrton Senna, em Jacarepaguá, no acesso à via expressa. Quatro policiais militares que estavam na aeronave morreram. Durante o dia, confrontos entre traficantes e milicianos que disputam o controle da região já tinham provocado a interdição da via duas vezes. 

As primeiras informações que chegaram e foram replicadas pelas redes sociais eram sobre um possível ataque de bandidos ao helicóptero usado no apoio às operações policiais. O último caso semelhante ocorreu no Engenho Novo, em 2009, durante uma guerra entre facções.
As mortes dos PMs foram confirmadas pelo coronel Sérgio Schalione, comandante do 31ºBPM (Barra). As causas da queda não foram divulgadas. 

À noite, a população era orientada a não sair às ruas porque outros tiroteios aconteciam no Alemão e no Complexo do Lins. Policiais do Bope e do Batalhão de Choque se preparavam para invadir a Cidade de Deus.
Logo após a queda do helicóptero, moradores relatavam, apavorados, pelo Twitter, que tinham testemunhado a queda da aeronave. “Acabei de ver o helicóptero caindo. 


Meu Deus, estou perplexa! Que medo”, disse uma internauta. Outra afirmou ter visto da janela de casa: “Mano, deu pra ver o helicóptero caindo daqui do prédio”.
Esse foi o desfecho de um dia marcado por medo na Linha Amarela. Pela segunda vez no mês, a via foi interditada, por volta das 10h, devido a confrontos envolvendo tráfico, milícia e policiais. 

O trânsito foi interrompido por cerca de meia hora. Segundo policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus, confrontos entre traficantes e milicianos da Gardênia Azul já tinham mobilizado a polícia na sexta-feira.
À tarde, segundo a assessoria de imprensa da UPP, traficantes da Cidade de Deus bloquearam a Avenida Edgard Werneck, uma das principais vias do bairro, com pneus, lixeiras e fogo. Quando os policiais chegaram, por volta das 16h, foram recebidos com tiros e reagiram. Mais uma vez, a Linha Amarela foi fechada por cerca de 40 minutos. 

Os suspeitos resistiram até a chegada de um reforço com blindado do 14º BPM (Bangu). Helicópteros passaram a sobrevoar a área.
A estudante de jornalismo Beatriz Gentil seguia de manhã do Méier para a Barra da Tijuca e, quando atravessou o último túnel da Linha Amarela, sua mãe parou o carro porque motoristas da frente faziam sinal para voltar.
— Viramos e retornamos até que o trânsito ficou parado. 

Eu via helicópteros sobrevoando e viaturas da polícia seguindo em direção à Barra. Apesar da distância, dava para ouvir muitos tiros. As pessoas saíram do carro e ficaram encostadas nas muretas. Espero não passar por isso de novo — disse, contando que, só cerca de 40 minutos depois, pôde seguir viagem.
O funcionário público Constantino Assonitis mora no Pechincha, bairro vizinho à Cidade de Deus, e também ouviu o costumeiro barulho de tiros:
— Isso deixou de ser tiroteio há muito tempo, é guerra.

*O Globo
Postado em 20 de novembro de 2016