Rosalba Ciarlini tenta “comprar” deputados para não aprovarem o impeachment

O governo Rosalba Ciarlini (DEM) estaria tentando “comprar” deputados com a liberação de emendas parlamentares com o objetivo de evitar o impeachment. A informação é confirmada pelo deputado estadual José Dias.
 À pergunta “o governo estaria sinalizando liberar emendas para evitar o impeachment?”, ele respondeu: “Que está, está. Inclusive, com a história de aprovação desse empréstimo de R$ 850 milhões.
 E com isso liberar. Eu mesmo aqui recebi pessoas do interior, que estiveram na Governadoria, e disseram que só poderia liberar as emendas se fosse aprovado os R$ 850 milhões. Eu mesmo recebi pessoas que me deram essa informação. Elas vinham da Governadoria”, disse o deputado.
 Emenda parlamentar é a parcela do orçamento que os deputados destinam para entidades e áreas do governo, que consideram necessárias ou prioritárias. O governo quase nunca libera o recurso, utilizando-o somente em momentos críticos de atrito com a Casa. Para José Dias, “a luta para aprovação do empréstimo nasceu quando chegou o problema do impeachment. Assim que começou impeachment, começou a ação do governo aqui dentro, para que o empréstimo fosse aprovado”, ressaltou. 

“Sei que pessoas aqui dentro (da Casa) eram absolutamente contrárias a empréstimos, que é um desastre para o Estado, nesse momento, por causa da credibilidade do governo, da ineficiência. Então, pessoas que eram contra absolutamente, hoje estão menos radicais”.

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Em que pese a justificativa de liberação das emendas ser o pedido de empréstimo, segundo José Dias, a medida atinge a questão do impeachment. Afinal, o empréstimo tramita na Assembleia desde o ano passado e o assunto estava “morto”, até ressuscitar na última semana, justamente, quando da chegada do pedido de impeachment, feito pelo Movimento Articulado de Combate à Corrupção (MARCCO). “Claro que (liberação das emendas em função do empréstimo) tem impacto na questão do impeachment. Claro que não temos como apontar objetivamente os movimentos, mas que são perceptíveis, são. E não precisa nem de sismólogo, como os da universidade dos EUA. Qualquer sismólogo daqui mesmo percebe”.

Instado a dar sua opinião sobre este fato, o deputado afirmou: “Minha opinião é de que há um discurso, que é exercido aqui na Assembleia Legislativa, que é exercido na mídia, que é exercido na propaganda partidária, que é de mudança. Esse discurso reconhece que o governo é um desastre total e está se transformando numa tragédia para o Estado. O caminho curto, o caminho atual, o caminho do momento da mudança, é tirar a governadora do governo. Eu não sei como você só muda se for para entregar a você mesmo. Ai chama-se mudança farisaica. Mudança tem que ser de princípio, de comportamento e de ação”.

Para o deputado José Dias, “chegou o momento de se esclarecer se realmente os políticos estão contra o governo, ou se estão se deleitando com o governo. Eu acho que há muito deleite nisso. Mas, a hora da verdade é agora. Nós estamos vivendo a hora da verdade”.

CONDIÇÃO

Outro fato notado na Assembleia, nos últimos dias: o PMDB teria sinalizado apoiar o impeachment de Rosalba, se o vice-governador Robinson Faria renunciar ao cargo de vice-governador. Robinson enfrentará o presidente do PMDB, Henrique Alves, nas eleições de outubro. Perguntado se ouviu falar nessa história, Zé Dias afirmou: “O PMDB não ouvi falar. Já ouvi algum deputado falar nisso. Mas não vou dizer que foi o PMDB, mas já ouvi algum deputado falar nisso”, disse e repetiu.

Um deputado, segundo Dias, disse que se houvesse a renúncia de Robinson, “era muito fácil fazer o impeachment”. O impeachment interessaria a Henrique porque somaria mais um partido a sua base de apoio eleitoral: o DEM do senador José Agripino e da governadora Rosalba Ciarlini. Da mesma forma, o afastamento de Rosalba beneficiaria Robinson, que assumiria o governo. Portanto, o PMDB e aliados, que controlam a Assembleia, até topam retirar Rosalba do governo, mas desde que não seja para Robinson assumir. Resumo: nessa história de impeachment, vale mais a conveniência dos políticos, do que os argumentos e o interesse da sociedade, que sequer é debatido.

Fonte: Expresso da Noticia
Postado em 8 de maio de 2014