Sem moradia, venezuelanos refugiados pedem dinheiro nas ruas de Natal


O venezuelano Wilame Matarazza aguarda pelos familiares que devem chegar a Natal no fim de semana — Foto: Anna Alyne Cunha/Inter TV Cabugi

Wilame Matarazza e Inácio Tori carregavam cartazes em que pediam ajuda, enquanto tentavam conseguir dinheiro com os motoristas que trafegavam nesta quarta-feira (18) pela Avenida Engenheiro Roberto Freire, na Zona Sul de Natal. Os dois são refugiados venezuelanos e chegaram à capital potiguar há quatro dias. Segundo eles, pelo menos seis famílias estão na mesma situação, sem moradia.

Parte deste grupo de refugiados da Venezuela, formada por mulheres e crianças, se reuniu no semáforo do cruzamento entre a Avenida Prudente de Morais e a rua Mossoró, em Petrópolis, Zona Leste. Os pedidos são os mesmos.

Os estrangeiros dizem que entraram no Brasil há dois meses, por Roraima. De carona, foram até Fortaleza (CE) e chegaram a Natal em seguida. Todos estão hospedados em um hotel de baixo custo próximo à rodoviária, onde pagam R$ 20 por pessoa a diária.

Wilame Matarazza viajou sozinho para a capital potiguar. O estrangeiro conta que a esposa e os três filhos ainda estão no Ceará, contudo devem chegar no fim de semana para se juntar a ele.

Venezuelanos estão nos sinais de Natal pedindo dinheiro — Foto: Anna Alyne Cunha/Inter TV Cabugi

Venezuelanos estão nos sinais de Natal pedindo dinheiro — Foto: Anna Alyne Cunha/Inter TV Cabugi

Já Inácio Tori trouxe consigo os três filhos e a companheira. Tanto ele, quanto Wilame seguravam cartazes nesta manhã no sinal da feirinha de artesanato de Ponta Negra. Além de dinheiro, pediam comida, roupas, remédios e fraldas descartáveis. Os venezuelanos alegam que têm experiência na área da construção civil e querem emprego no setor.

O coordenador em Caicó do programa de interiorização do Governo Federal para imigrantes que fogem da crise na Venezuela, Gilclebson Araújo, diz que não manteve contato com os estrangeiros. Segundo ele, são acolhidos venezuelanos que entram no país já encaminhados pelo projeto.

Em outubro do ano passado, 60 pessoas foram recebidas no abrigo da organização humanitária internacional ‘Aldeias Infantis SOS’, onde Gilclebson trabalha.

Procurada pelo G1, a Prefeitura de Natal alegou que a presença de refugiados venezuelanos nas ruas da cidade é uma questão que precisa ser tratada no âmbito do Governo do Estado. “Conforme pactuação feita entre o ente estadual e o governo federal”, diz a nota do Município.

“O Município do Natal, mesmo tendo sido provocado a fazer o acolhimento dessas pessoas, informou à época não ter condição de atender à demanda, por já enfrentar uma sobrecarga na sua estrutura voltada a essa finalidade”, diz o comunicado da Secretaria Municipal do Trabalho e da Assistência Social (Semtas).

A Semtas afirmou também que, apesar disso, tem realizado trabalho de abordagem para identificar crianças e adolescentes junto a essas famílias para encaminhá-las aos órgãos competentes. Entretanto a situação dos venezuelanos não foi identificada pelas equipes da Secretaria.

Por outro lado, a Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social do RN (Sethas) diz que, de acordo com a descentralização político-administrativa, o atendimento é realizado pelos serviços e programas dos municípios.

Vídeo mostra venezuelanos refugiados pedindo dinheiro em semáforos de Natal

venezuelanos refugiados pedindo dinheiro em semáforos de Natal – *G1 RN

Postado em 18 de setembro de 2019