Como já era esperado, a vice-prefeita de Natal, ex-governadora Wilma de Faria, anunciou, nesta terça-feira (2), a saída do PSB, legenda a qual comandou durante mais de duas décadas no Rio Grande do Norte. Em nota publicada nas suas redes sociais, a ex-governadora justificou os motivos que a conduziram a esta decisão. Wilma saiu do PSB após a executiva nacional decidir entregar o comando do partido no estado ao deputado federal Rafael Motta.
Em seu estilo, a vice-prefeita não poupou críticas à condução da legenda.
“A perda trágica e repentina de Eduardo Campos, em 2014, deixou um vazio político no país – e o PSB acéfalo. A nova direção nacional, composta sem discussão, não tem conseguido manter a estatura a que tínhamos chegado. Os últimos acontecimentos, voltados para a recomposição do partido no RN e em outros estados, demonstram que o PSB que ajudei a construir em uma trajetória de 22 anos – aquele de Eduardo Campos, Miguel Arraes, Roberto Amaral, Luiza Erundina e tantos companheiros valorosos, não existe mais.
Deu lugar a uma sigla pautada por práticas antidemocráticas com as quais não me identifico e em que não vejo respeitadas suas afirmações programáticas”, declarou Wilma, sobre a decisão nacional de tirar a legenda do seu comando.
A ex-governadora disse que não fazia questão de continuar na presidência estadual, mas rechaçou o modo como o processo foi conduzido. Sobraram críticas ao grupo de Rafael. “Sempre fui a favor da vinda de novos quadros e lideranças. Eu mesma ajudei a promover o crescimento que nos levou a ser um dos maiores partidos do RN. E nunca fechei questão sobre permanência na direção estadual.
O que não se pode aceitar é a forma `kafkiana’ – desrespeitosa, sem diálogo, com atropelos e imposições inimagináveis com que um grupo local armou, com inexplicável respaldo da presidência, para apropriar-se do partido no RN. Pessoas sem identidade programática, nem compromisso com nossas bases, e que agiram de forma oportunista, aproveitando o momento em que me submeti a tratamento de saúde”, afirmou.
Wilma também convidou seus liderados a deixarem a sigla. “Não me resta alternativa a não ser retirar-me do partido e conclamar companheiros a fazerem o mesmo.
Se os atuais dirigentes do PSB não têm compromisso com sua história, tenho com a minha. Deixo o partido que ajudei a construir – com 4 mandatos de prefeito e 2 de governador – para preservar uma história de vida dedicada ao bem comum dos norte-rio-grandenses”, declarou.
O anúncio do seu futuro partido, segundo a ex-gestora, será feito em curto prazo. “Nos próximos dias estarei em entendimentos com companheiros de luta, lideranças e diversos partidos que respeitosamente nos abrem as portas.
Após, anunciarei o caminho que vamos seguir, cujo rumo será, sempre, o da correção, da lealdade e da construção de um RN melhor para se viver. Estou tranquila e convicta de que estamos tomando a melhor decisão para correligionários, companheiros e povo do RN. 2016 será um ano de muitas lutas. E essa decisão é um primeiro passo, ousado, de independência e reafirmação da nossa coragem para seguir em frente”, finalizou.